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Orgulho e Preconceito

1245098429_orgulhoepreconceitoposter03O mais belo dos romances não é aquele que idealizamos. Mas sim o que nos conquista a cada surpreendente guinada da vida. É o amor bruto, que aos poucos é lapidado com o cuidado ou a rudeza de quem não espera se envolver e acaba enfeitiçado por sentimentos que nem mesmo  sabia existir dentro de si.

É assim que Jane Austen retrata o caso de amor entre Elizabeth Bennet e Fitzwilliam Darcy em “Orgulhos e Preconceito”.

Ainda não tive a oportunidade de ler o título. Mas já li “Razão e Sensibilidade” e a premissa já me fazia imaginar o quão adorável poderia ser a história.

Jane não o tipo de leitura fácil, simples. Suas histórias são sempre mais densas e profundas. A Ela tem o perfil para os leitores que gostam de se aconchegar na poltrona do escritório em uma tarde de outono, com uma xícara de chá no aparador e esquecer que existe o mundo lá fora. Só quem se dá esse direito de mergulhar  com a mente, alma e coração tem o privilégio de conhecer todas as grandezas de seu mundo, que faz chorar, rir, emocionar ou simplesmente contemplar em silêncio.

E é exatamente assim que nos sentimos ao final de “Orgulho e Preconceito”, sua mais renomada obra que entre as várias adaptações que já recebeu, foi retratada com maestria pelas mãos de Joe Wright.

O longa se passa na sociedade aristocrática da Inglaterra, em 1797, onde a única preocupação da Sra. Bennet é arranjar bons casamentos para suas cinco filhas: Jane, Elizabeth, Mary, Lydia e Kitty. Cada uma das cinco têm sua própria personalidade: Lydia e Kitty querem ser apresentadas à sociedade e conseguir um belo matrimônio com algum oficial, Mary é o patinho feio das irmãs, Jane é a mais velha e mais reservada do quinteto, e Elizabeth é a moça com espírito independente e impetuosa que desejamuito mais do que se render aos cuidados do casamento.

É por esse espírito ousado que Fitzwilliam Darcy se apaixona quando bate o olho na moça durante o baile de apresentação dos novos vizinhos da região: o Sr. Bingley, que apaixona-se por Jane.

A partir daí uma infinidade de acontecimentos cruzará os caminhos de Elizabeth e Darcy. Se num primeiro momento a Lizzie o julga arrogante e orgulhoso por sua posição social, com o tempo ela descobrirá que sua primeira impressão sobre o cavalheiro foi terrivelmente errada, e ficará cada vez mais apaixonada por ele. Darcy, por sua vez, é um homem aparentemente duro e frio, mas que carrega consigo um dos corações mais fiéis e puros que qualquer jovem gostaria de conquistar. Sua ‘arrogância’ não passa de um escudo de defesa para esconder todas as histórias familiares que rondam seu passado.

Aos poucos, o filme nos entrega um enredo de descobertas: descobertas sobre nossos enganos, nosso receios, emoções, verdades e mentiras…. O Orgulho e o Preconceito que dão título à obra são uma referência constante à sociedade da época, em que as divergências sociais eram nítidas e declaradas, e ao mesmo tempo retratam a relação entre Lizzie e Darcy até que encontrem seu ponto de equilíbrio e tenham seus sentimentos completamente lapidados pelos contornos da vida.

1245098431_orgulhoepreconceito01 A declaração de amor de Darcy à Elizabeth debaixo de uma tempestade e a reconciliação definitiva pintada pelo nascer do sol coroam os mais belos momentos do longa. Que mulher não gostaria de um homem inteligente, bonito, másculo e que não tem medo de dizer o que sente?!!

Não é à toa que Jane Austen é considerada uma das maiores romancistas do mundo depois de Shakespeare.

Por um daqueles motivos que a gente não sabe explicar, eu não gosta da Kiera Knightley. Mas dou meu braço à torcer que a moça esteve mutíssimo bem na pele de Lizzie. Até esqueci que era Kiera! Matthew MacFayden (lindíssimo!) também interpretou impecavelmente bem os sentimentos conflituosos de Darcy. E para coroar o elenco de peso, Donald Sutherland deu vida ao pai amigo e protetor de Lizzie, que defendia a felicidade da filha acima de qualquer escolha.

Fiquei por muito tempo querendo ver “Orgulho e Preconceito”. Demorou. Mas a espera foi mais do que recopensadora. O término faz você pensar sobre as relações humanas e sobre como continuamos tão iguais em nossa essência, não importa em que época vivemos ou quanto tempo passe. Faz pensar sobre como o amor, em sua forma mais pura, não é aquele que julgamos o ideal, mas aquele que nos ensina a crescer e a rever nossas próprias atitudes, em que a entrega e a doação não medem esforços para ver o brilho nos olhos do parceiro e ter a certeza de que aquilo é mais verdadeiro do que qualquer paixonite fulminante que passa 15 dias depois de um início avassalador.

O amor douradouro é mais forte e seguro que as grandes paixões. Obviamente todos desejamos viver grandes paixões, sentir o coração em chamas ao menos uma vez. Mas no momento em que pensamos no longo prazo, 99% de nossas escolhas são pelo amor pleno e douradouro… Mas isso já é assunto para um outro post….

Se você ainda não viu o filme de Joe Wright, assita! Se não leu a obra de Jane Austen, leia!

Eu fico por aqui, ainda mergulhada no mundo de Lizzie e Darcy, pegando passagem para “Persuasão”, outra obra de Jane que estou curiosíssima para ler….

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