Assim foi o Oscar 2011, em que as premiações seguiram o que á era previsível e a Academia pareceu ter seguido a política do “vamos evitar brigas e tentar ser legal com todo mundo”.
Obviamente não conseguiu, senão teria deixado pelo menos um premiozinho de consolação para “Bravura Indômita”…
Todo mundo esperava que a Zebra da noite seria “A Rede Social”. Ele teve seus merecidos prêmios, mas não foi o abocanha-troféus esperado. Levou três prêmios para casa, deixando para destaques “O Discurso do Rei” e “A Origem”. Se o primeiro levou as principais categorias (Filme, Direção, Ator e Roteiro Original), o segundo levou os principais prêmios técnicos (fotografia, mixagem e edição de som e efeitos visuais – merecidamente!). Empate também entre “O Vencedor” (que deu o Oscar de coadjuvante a Bale – provavelmente em preparação para “O Sobrevivente 2”, porque nada mais explicaria aquela barba – e à Melissa Leo), Alice no País das Maravilhas (direção de arte e figurino – óbvios!!) e Toy Story 3 (melhor animação – mais do que esperado! – e canção original – aí eu tinha minhas dúvidas…). E se “O Lobisomen” poderia parecer perdido ali no meio dos indicados para alguns, o prêmio de Melhor Maquiagem não poderia ter ido para outra obra (Lembra de Del toro transformado? Um dos melhores trabalhos do gênero…).
Sabemos que as categorias de melhor ator, atriz e coadjuvantes sempre acabam sendo um compilado que, discretamente, envolve o trabalho em votação e a própria carreira do concorrente (sem contar o favoritismo do momento…). E nesse quesito o páreo duro estava entre Javier Barden, Jeff Bridges e Colin Firth, ambos excelentes nas obras em foco e ao longo de sua carreira. Eu tinha uma pontinha de quase certeza que poderia ir para Bridges, visto que Javier já tinha alcançado o destaque esperado pela nomeação em si e “O Discurso do Rei” já era certo para levar Melhor Filme, mas Firth fez por merecer sua gagueira (o que me deixou ainda mais curiosa para ver o longa!). E por fim, Bridges e toda a equipe de “Bravura Indômita”, que tinha 10 indicações, saíram de mãos abanando… Maldade….
Quem não conseguiu disfarçar lá muito bem a cara de decepção foi Annette Benning ao ver a concorrente Natalie Portman nomeada Melhor Atriz. Mas desse prêmio ninguém tinha dúvida, certo? Você acha mesmo que a Academia ia deixar uma grávida sensível chorando de decepção na platéia? Mas brincadeiras à parte, apesar de minha repulsa por Natalie estar começando a se dissolver aos poucos com seus últimos trabalhos, ainda não sou fã da moça, mas o prêmio já era de longe o mais certo da noite.
A esperança brazuca de ver o documentário “Lixo Extraordinário” entre os vencedores se foi e deu espaço para “Trabalho Interno”, de Charles Fergusson, que retratou a crise imobiliária de 2008 nos EUA, e eu já estava mesmo bastante interessada em conferir. E essa foi a deixa para os comentários políticos da noite. E só.
De resto, as homenagens póstumas, a aparição de Kirk Douglas (três vezes indicado e nunca premiado), as homenagens à Billy Cristal e Bob Hope, vestidos bonitos, vestidos espalhafatosos, vestidos horrorosos, cabelos impecáveis, cabelos indomáveis a apresentação do coral da Escola Staten Island.
E encerrou-se assim, de forma enxuta e com os acertos previsíveis, mais uma ano da mais esperada premiação da indústria cinematográfica.
Contudo, a impressão que fica é que o Oscar perdeu sua graça. Tudo bem que, graças ao culto à experiência em jaula que é o BBB, perdi uma boa parte da premiação. Mas ainda assim, parece que falta um espírito de energia à premiação, que a cada ano torna-se mais e mais um evento tradicionalmente pautado por um roteiro e sem fugas do script (justamente a parte que sempre deu mais graça ao evento). Mesmo a presença da sempre simpática Anne Hathaway e James Franco (que já não parecia tão à vontade quanto a moça) para atrair o público mais jovem não surtiu o efeito esperado. Ao menos não para mim, que esperava mais.
Mesmo os artistas convidados para apresentar as premiações pareciam estar lá não mais do que para cumprir com sua obrigação social anual.Ninguém mais sorri espontaneamente, ou sequer coloca em sua fala a expressividade que tanto usam em frente às câmeras (e que justamente levou muitos deles até ali). Isso só parece confirmar que o mundo está cada vez mais superficial. Todo mundo foge dos eventos sociais, daquele churrasco em que a prima chata vai debochar de todo mundo sem enxergar o próprio nariz e do casamento daquele colega de trabalho que ninguém suporta mas que se ninguém for será ainda mais difícil aguentar o infeliz depois. Eventos em geral, se não for aquela bagunça bem pessoal na casa dos poucos e verdadeiros amigos, são hoje nada mais do que tabela social, e não tem sido diferente para as celebridades, que ainda tem de ver todas suas nuances pessoais e profissionais exploradas pela mídia do primeiro ao último segundo em que pisam no tapete vermelho (Lembra de Sandra Bullock, que no ano passado foi premiada com o Oscar de Melhor Atriz e no dia seguinte viu sua vida pessoal ruir nas manchetes do mundo todo com a notícia da traição do marido?).. Mas enfim, esse é assunto para um outro post…
Compreendo perfeitamente que uma celebração como o Oscar deve ser enxuta para não tomar a noite toda. Mas eu sou da seguinte opinião: se é para fazer, que seja memorável. E de uns tempos para cá, a sensação que fica quando termina o evento é de que ficou faltando algo… Talvez a palavra seja “alma”…
Fotos aqui.
A lista completa dos vencedores
Melhor filme
"O Discurso do Rei"
Melhor diretor
Tom Hooper ("O Discurso do Rei")
Melhor Ator
Colin Firth ("O Discurso do Rei")
Melhor atriz
Natalie Portman ("Cisne Negro")
Melhor ator coadjuvante
Christian Bale ("O Vencedor")
Melhor atriz coadjuvante
Melissa Leo ("O Vencedor")
Melhor roteiro original
"O Discurso do Rei"
Melhor roteiro adaptado
"A Rede Social"
Melhor filme de animação
"Toy Story 3"
Melhor filme estrangeiro
"Em um Mundo Melhor" (Dinamarca)
Melhor fotografia
"A Origem"
Melhor edição
"A Rede Social"
Melhor direção de arte
"Alice no País das Maravilhas"
Melhor figurino
"Alice no País das Maravilhas"
Melhor maquiagem
"O Lobisomem"
Melhor trilha musical
"A Rede Social"
Melhor canção original
"We Belong Together" ("Toy Story 3")
Melhor mixagem de som
"A Origem"
Melhor edição de som
"A Origem"
Melhores efeitos visuais
"A Origem"
Melhor documentário
"Trabalho Interno"
Melhor documentário de curta
"Strangers No More"
Melhor curta de animação
"The Lost Thing"
Melhor curta de ficção
"God of Love"
Unknown
1 de março de 2011 at 20:59Oi Le. Como vai ?
Acredito que com o passar do tempo (83 edições não é fácil) realmente o Oscar foi perdendo o fôlego e o brilho. Hoje existem muitos festivais e premiações para filmes, músicas, etc. Sabe aquela relação de “Oferta x Demanda”, então, não preciso explicar…
De novidade mesmo, o Oscar teve apenas o começo. O clipe de abertura da cerimônia foi muito interessante com o novo casal de apresentadores, Anne Hathaway e James Franco, fazendo uma brincadeira com os indicados a melhor filme do ano. Isso me lembrou os ‘spoofs’ do “MTV Movie Awards” e a novelinha mexicana do BBB : “Strano Amore” – se estiver errado, por favor, me corrija. Não sou fã de BBB 🙂
Outro momento marcante foi ver o veterano Kirk Douglas (com visível dificuldade) dar um show de bom humor ao apresentar um dos prêmios.
Enfim, torcer por algum filme ou ator/atriz favorito faz bem à alma. Só não interfere em nada na decisão da Academia (rs).
Acho que os filmes que concorreram este ano tinham seus méritos. Dentre a leva de filmes feitos desde o último Oscar, tivemos a felicidade de boas escolhas e como você mesma disse, que aguçaram a curiosidade em vê-los.
Só fica a mágoa e crítica (pessoal) para a Academia com relação ao tabu para o gênero sci-fi (sim, sou fã deste tipo de filme). Tenho a impressão de que “A Origem” levou os prêmios técnicos como forma de compensação.
E para encerrar, a barbada era mesmo só para “Toy Story 3. Acho que a categoria de Melhor Animação deveria pensar futuramente em separar animação feita por computadores da animação tradicional.
Um grande beijo loira.
Tchau !!!