Está dando o que falar a recente descoberta de que o Papa Bento XVI encobriu escândalos sexuais no clero quando ainda era um cardeal….
A divulgação foi feita pelo New York Times, revelando que um sacerdote americano abusou de aproximadamente 200 meninos surdos e teve seu caso encoberto por toda a trupe de bispos de Wisconsin, que trocaram cartas silenciosamente sobre o assunto para proteger a Igreja do Escândalo e quase realizaram um julgamento secreto, mas decidiram suspender o ‘evento’ após uma carta do reverendo Lawrence Murphy (o, então, acusado) afirmar seu’ sincero arrependimento e a consciência de que estava doente, desejando apenas poder viver o resto de seus dias na dignidade de seu sacerdócio’. (Dignidade???!!!). O caso foi ‘abafado’ e o sacerdote passou seus últimos 24 anos trabalhando com crianças em colégios, igrejas paroquiais e um centro de detenção juvenil… Irônico, não?
Durante toda a história humana (e desde a existência da Igreja) já foram registrados casos e casos de escândalos abafados (além de outros muitos, provavelmente jamais descobertos…). Logicamente, quando isso envolve uma autoridade, a coisa fica ainda mais polêmica…
Dispa-se por um segundo de suas crenças religiosas. Não importa se você é católico, judeu, protestante… Analise a coisa como um ser humano. O cara abusou de 200 crianças, saiu limpo da história e ainda colocam ele no meio de mais um monte de crianças para passar o resto da vida!! É, no mínimo, um despropósito absurdo!… Mas não acabou!! O insano ainda tem a cara de pau de dizer que, ‘arrependido’, apenas queria viver seus últimos dias na ‘dignidade’ de seu sacerdócio… D-I-G-N-I-D-A-D-E??????? E a dita ‘dignidade’ das 200 crianças (e sabe-se mais quantas nos últimos 24 anos de vida do infeliz..), como fica? Quantas vidas ele teria atormentado? Quantas conseqüências terão resultado de sua ‘doença’?
É uma visão emocional? É. A única diferença da visão racional é que a gente tira a ênfase sentimental do discurso, porque o ato permanece como um fato e as conseqüências ainda estão lá…
Quer deixar a coisa pior? Coloque um monte de clérigos aos quais o principal objetivo é propagar a palavra ‘divina’ (que até onde sabemos prega a paz, o amor, o bem, a igualdade e blá blá blá – todo mundo já conhece o discurso…) como testemunhas do fato. Na minha opinião, se eles resolveram abafar o caso para proteger o império da Igreja, já quebraram todas as promessas eclesiásticas que fizeram. Além disso, ao não levaram o sacerdote a julgamento, mesmo que fosse secretamente, eles imediatamente vão de testemunhas à cúmplices do caso. E ao silenciaram perante a transferência do réu para passar o resto de seus dias ao lado de crianças, aí pode internar todo mundo, porque só pode ser uma epidemia de insanidade!!! O mínimo, mas mínimo mesmo que poderiam ter feito era deixar o homem recluso e longe do contato com crianças, pois, se como o próprio definiu, tratava-se de uma ‘doença’, o que fizeram era praticamente como colocar doce na boca de criança (acho que essa frase não caiu muito bem no contexto da história….).
Quer piorar um tiquinho mais? Colocaram um dos cúmplices insanos no comando da Instituição que prega o oposto de tudo aquilo que eles fizeram…. Um Papa com um histórico desse é de arrepiar, hein…. E não vem dizer que seus eleitores não sabiam do antecedente, porque dentro do Vaticano cada porta é uma caixa de surpresas e debaixo de cada tapete há toneladas de sujeira escondida ao longo dos anos para proteger a soberania da Igreja… Aquela fumaça branca tem muito mais significado do que a mente popular pode calcular…
Agora, para quem é católico, a gente sempre acaba se perguntando, todas as vezes em que vai à Igreja, se o homenzinho à frente do altar, que deveria nos orientar e trazer mensagens de acordo com a conduta católica, segue realmente tudo o que a tal conduta indica, já que ele deveria ser o símbolo de exemplo para o povo… Então a gente vê coisas como essa, se revolta e se afasta…. Fica pensando se é errado não acreditar mais na conduta da Igreja…. E nunca consegue chegar a qualquer conclusão racional ou emocional. A gente olha empresário cara tranqueira e sem-vergonha, que só faz coisa errada na vida e só ferra os outros, ir todo domingo à missa para comungar e dar a paz de Cristo para todo mundo com beijinho no rosto como se fosse o mais puro dos homens. Tremendo Judas!… É o que mais tem por aí…..
Eu costumo e prefiro acreditar que a fé está dentro da gente. Somos nós quem fazemos a nossa fé. Acredito que há um Deus maior? Sim, acredito. Talvez porque ainda existam coisas que a ciência não é capaz de explicar, mas acredito. Assim como também acredito (de verdade! Não é ironia…) em disco voador, extra-terrestre, fadas e duendes, lobisomens e vampiros, universo paralelo e todas essas outras coisas que permeiam o mistério. Acredito que ele escreva certo por linhas tortas. E que de algum lugar acima de nós zela por cada um que busca trilhar o caminho menos errado.
Mas é melhor encerrarmos por aqui. Essa discussão vai longe e certamente vai dividir muitas águas e opiniões. É por isso que nunca entrei na aula de Teologia para entender algumas coisas que sempre tive curiosidade… porque tenho quase certeza que acabaria sendo expulsa por meus questionamentos….