O que véspera de natal, um filme daqueles bem simples, uma noite com amigos e algumas bebidas não fazem com a gente…
Filosofia pouca é bobagem! No meio de tantas risadas e momentos divertidos, reflexões muito interessante podem aparecer…
Olha o resultado da ópera…
João gosta de Maria, que gosta de Pedro.
Pedro é apaixonado por Tereza desde pequeno. Tereza também já foi apaixonada por Pedro, mas cansou-se de esperar que ele tomasse uma atitude e, no meio do caminho, conheceu Antonio.
Antonio paquera Tereza, mas é por Maria que seu coração bate mais forte.
Maria, que gosta do Pedro e não quer nada com o João, tem uma irmã chamada Alice. E Alice gosta de João, mas jamais demonstraria isso sabendo que ele gosta de Maria.
Pedro acha Alice uma moça muito bonita. Mas sua obsessão por Tereza não lhe permite olhar mais atentamente para Alice. Juntos se consolam sobre suas decepções amorosas….
Há ainda Joaquim, o primo de Tereza, que também gosta de Maria. Mas Joaquim é o melhor amigo de Antonio, e sabe da paixão do amigo por Maria, por isso assiste a tudo calado, com o coração coberto de angústia.
E assim é a vida…. Um círculo que às vezes toma formas engraçadas. Equações que, se olhássemos com um pouco mais de atenção, poderíamos descobrir facilmente a solução de cada uma de suas etapas. Mas geralmente estamos envolvidos demais em nossa própria ‘angústia’ para nos darmos conta do quão simples a resposta pode ser.
O amor é simples? Sim, ele é. Nós é que complicamos tudo. Mas isso está em nossa natureza. Não tem jeito. Como diria um amigo, ‘faz parte da odisséia da vida’. Se não fosse assim, que histórias teríamos para contar aos nossos filhos, netos, sobrinhos ou voluntários que visitam os asilos?
Sofremos, choramos, lamentamos, nos reerguemos, amamos outra vez, caímos novamente, sofremos, choramos, lamentamos…. E com o tempo, as coisas vão se tornando automáticas. Não fáceis, que fique claro. Apenas automáticas, já que lá pela quinta ou sexta vez, diante de um pote de sorvete e muitas lágrimas sabemos que na manhã seguinte, mesmo com a dor ainda presente, saberemos como lidar com a situação que agora já nos parece tão familiar.
Há dias e dias. Dias em que riremos desse círculo pensando em quantas situações engraçadas ele proporcionou, no quanto crescemos a cada nova lição aprendida e no quanto somos felizes por ter vivenciado experiências memoráveis. Dias em que nos sentiremos solitários e vazios, imaginando se um dia encontraremos a outra ponta da circunferência. A vantagem é que os dias memoráveis são bem mais numerosos que os dias de solidão.
No fim das contas, o que faz tudo isso valer a pena é saber aproveitar cada momento da história. Se tiver que chorar, chore, oras! Você pode sofrer um pouco, pode lamentar, pode ficar triste por ter perdido alguém que lhe foi importante, mesmo que tenha sido por algumas horas apenas. Só não pode é fazer disso seu Norte. Isso jamais! Não deu certo? Ok, lamente, passe um final de semana de bode e na segunda seguinte comece a planejar um churrasco com os amigos para o próximo final de semana ou a escolher seu destino de férias. Mas reaja. Sempre! Com toda reação, um novo ciclo tem início. Imagine que os círculos são ligados como o velho símbolo das olimpíadas… Você sai de um e, imediatamente, entra em outro.
Contudo, não renegue seu passado. Nem se arrependa. Tudo que você viveu até hoje construiu, de alguma forma, o ser humano que você é neste momento. Se você não gosta do que se tornou, não adianta mudar seu passado. Mude seu presente.
Espere? Ainda estamos falando sobre o amor? Sim! Ainda estamos…
Pense por um segundo: se alguém se apaixona por você, presume-se que se apaixonou pelo conjunto da obra, pelo que você é (se não foi pelo todo, não é paixão, é uma atração momentânea ou simplesmente ilusão mesmo). Então aquela história de mudar seu jeito de ser por alguém pode ser nada mais que uma grande furada. Não deixe de sair com os amigos ou de fazer as coisas que gosta. Não é preciso. Apenas inclua seu par em suas atividades. E também se deixe incluir nas atividades de seu par. Se relacionar é somar. Também é fazer concessões algumas vezes.
Mas estamos discutindo amor ou paixão? Nesse caso não faz lá muita diferença. Estamos falando de duas pessoas (logo, relacionamentos normais, e não essa profusão incompreensível que vemos aos montes hoje em dia) que se unem impulsionadas por um sentimento maior (daí a ser paixão ou amor, a ter curto ou longo prazo, menor ou maior intensidade, já é margem para uma outra discussão).
Pode durar um dia, uma semana, um mês, um ano, dez anos… É tudo a mesma coisa. Você pode ter cinco, dez, quinze, vinte, trinta ou sessenta anos. Também é sempre a mesma coisa. O máximo que pode acontecer é você passar a encarar a tal ‘coisa’ de formas diferentes com o passar do tempo. Afinal, o tempo muda nossas prioridades. Aos dez anos você ama incondicionalmente aquele colega de turma e só existe ele no mundo. Aos quinze você daria qualquer coisa para que ele te desse bola. Aos vinte você já superou esse amor não correspondido e está aos beijos com o bonitão da faculdade. Aos trinta se preocupa porque chegou àquela idade limite em que suas prioridades atingem o estado de urgência e você, solteira, não vê solução imediata. Aos trinta e cinco se surpreende porque está casada há dois anos com o homem da sua vida, que conheceu no meio do nada. Aos cinqüenta pode ter a certeza de que tudo caminhou como esperava e olhar para seus filhos com o coração confortado, ou descobrir que nem sempre as coisas são como esperamos e estar assinando seu divórcio. Se deu tudo certo, então é a vez de acompanhar o ciclo de seus filhos. Se não deu, você não só terá que acompanhar o ciclo de seus filhos, mas também iniciará um novo para si.
Torno a repetir: no fim, é tudo sempre a mesma coisa…. É como fazer investimentos. Os mais audaciosos buscam investimentos de maior risco, como ações na bolsa. Você tem que analisar o comportamento do mercado, checar o sobe e desce das ações e demandar um certo tempo em território arenoso até obter o retorno desejado, que pode tanto ser positivo quanto negativo, tudo depende de como você cumpriu cada etapa do processo, além dos fatores de mercado. E há aqueles que preferem as emoções imediatas, como um cassino, coisa de uma noite, uma aventura. Pode render um futuro promissor como pode ser somais uma farra com conseqüências divertidas ou desastrosas. Ou ainda temos os conservadores. Esses não se arriscam, preferem caminhar no limiar do presumível. Não são menos felizes ou mais infelizes por isso. Cada qual vive à maneira que melhor lhe convém. Além disso, eles também estão expostos ao risco, mesmo que indiretamente (se você guarda suas economias no colchão e sua casa pega fogo, lá se foram anos de sacrifícios). Transporte tudo isso para o campo dos relacionamentos e me diga se não é a mesma coisa?!
Sempre seremos nós às voltas com as surpresas de nosso coração. Apenas lembre-se que nenhuma certeza é tão absoluta quanto a morte, e nenhuma dúvida vale a eternidade ao lado de uma interrogação…