Cheios de humor e estilo, Danny Ocean e os trapaceiros mais charmosos de Las Vegas estão de volta em Treze Homens e Um Novo Segredo, que traz novamente o humor sagaz e inteligente de Onze Homens e Um Segredo, corrigindo as derrapadas do segundo Doze Homens e Outro Segredo e retomando a receita necessária para um arrasa-quarteirão de primeira: elenco de peso, trama previsivelmente surpreendente e diversão de alta qualidade aos moldes do melhor em clássicos que Hollywood pode oferecer.
Desde o projeto inicial, era bem claro o que George Clooney e Steven Soderbergh tinham em mente: entretenimento puro. Já consagrados no cinema por longas como Três Reis e Traffic, não precisavam se preocupar com verba nem se limitar à projetos que colaborassem na construção de uma imagem pública. Queriam mais é se divertir um pouco. Portanto, ousaram em termos de criatividade e elegância, e fizeram o que de mais simples e esperto poderiam ter feito.
Baseados no clássico de 1960, elaboraram uma releitura para Onze Homens e Um Segredo, longa que reunia o “Rat Pack” – clube de atores cool fundado por Humphrey Bogard e popularizado por Frank Sinatra, Dean Martin, Sammy Davis Jr. e Peter Lawford – na trajetória de onze amigos que se conheceram nas trincheiras da Segunda Guerra e decidem assaltar cinco cassinos de Las Vegas ao mesmo tempo, em plena virada do ano. A diferença entre o original e a releitura é que no clássico, que se passa nos ainda moralistas anos 60, o crime não compensa, enquanto o filme de Soderbergh acompanha apenas o título, personagens e a premissa do primeiro, transformando-o em uma história adaptada para a Las Vegas contemporânea em um golpe de quebrar a banca. Para tal, a dupla convocou alguns amigos, juntaram alguns trocados economizados com salários exorbitantes e hoje desfrutam tranquilamente dos lucros proporcionados pela festinha que começou sem grandes propósitos, mas já com ares de superprodução. Afinal, quando se tem amigos como Brad Pitt, Julia Roberts, Matt Damon e Andy Garcia não é nada difícil chamar a atenção de alguns cinéfilos espalhados pelo mundo.
O resultado foi um blockbuster muito bem sucedido na indústria do entretenimento, que faz jus ao gênero sem ter de apelar para tramas paranóicas ou efeitos especiais de destruir orçamentos.
Após uma estréia muito bem sucedida em 2001, a trama havia perdido boa parte de seu atrativo e qualidade no segundo filme, que pecou ao apresentar um enredo sem novidades e muito inferior à inteligência do primeiro. Mas nesta terceira empreitada, a equipe retorna à trama inteligente e digna do elenco de peso, deixando a sensação de que essa sim era a continuação do primeiro longa. Todos os atributos estão lá novamente: estilo, humor, elegância, trilha sonora, câmera com movimentos milimetricamente calculados, montagens perfeitas, figurinos e, como não poderia deixar de ser, atuações que valem cada centavo da entrada para a sessão. Só não está presente o mulherio que compõe a trupe feminina – Julia Roberts e Catherine Zeta-Jones – mas a ausência das estrelas não compromete em nada a diversão proporcionada pelos homens.
Desta vez, após Reuben, mentor financeiro dos charmosos salafrários, ser traído por Willie Bank (Al Pacino, em mais um de seus papéis impecáveis como canastrão do pedaço), a trupe se reúne para vingar a velha guarda com o objetivo de derrotar Bank na noite de inauguração de seu mais luxuoso cassino e tirar-lhe o tão preciosos título dos cinco diamantes. Com Danny no comando e o apoio constante de Rusty, a equipe faz o que melhor sabe fazer. É claro que alguns percalços sempre surgem no caminho, como a rebelião iniciada por um dos onze na fábrica de plásticos mexicana por melhores salários, ou a terrível humilhação em ter de pedir ajuda financeira para Terry Benedict, antiga vítima de Ocean. Mas não faltam cenas de arrancar gargalhadas da platéia (que o diga o nariz de Matt Damon).
Por fim, o espectador sai do cinema com um pé em Las Vegas e outro na realidade, mais leve por apreciar um pouco de entretenimento em sua forma mais natural e pura, e satisfeito por saber que o cinema ianque ainda é capaz de produzir humor não-apelativo.
Bom para o bolso dos investidores, para a diversão dos espectadores e para a carreira dos astros, Treze Homens e Um Novo Segredo é a conclusão de uma trilogia que dá novos ares para o ramo da diversão cinematográfica e restaura os objetivos do verdadeiro cinema de entretenimento sem compromisso.
Diversão garantida.