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Após conquistar dezoito anos de sucesso implacável na TV abordando de forma inovadora e irreverente o cotidiano frustrante e fracassado do homem, Os Simpsons finalmente chegam ao cinema com direito a entrada triunfal e muito barulho e falação no mercado mundial do entretenimento e da economia.
A pré-estréia só acontece na próxima quinta-feira, dia 16 de agosto, mas os espertinhos e cinéfilos de plantão já podem conferir a novidade em primeira mão e alta qualidade através dos vários sites de download espalhados no universo eletrônico.
Talvez os mais alvoroçados se decepcionem um pouco com o resultado, justamente por esperar, após tanta expectativa, por um filme grandioso e diferente daquilo que se vê na televisão. Mas a grande investida de Os Simpsons – O Filme é justamente na simplicidade, apresentando-se como um episódio alongado da série que conquistou milhões de telespectadores ao redor do mundo. Todos os ingredientes estão lá: sátiras sociais, humor negro, gags visuais, referências à celebridades e personalidades badaladas, denúncias, escândalos, piadas inteligentes e sacadas que fazem muitos comediantes de carne e osso ficarem no chinelo.
A abertura do longa já é uma seqüência de fazer rir, desde o ícone da Twenty Century Fox até a explanação de Homer em pleno cinema ao fazer uma auto-piada sobre por que o espectador paga para ver um filme que pode assistir na televisão todos os dias.
O que segue depois é uma continuidade de piadas que se apóiam na história central do enredo: enquanto Lisa coloca em prática seus dotes ativistas para livrar Springfield da sujeira, Homer apronta uma burrada sem tamanho ao despejar os dejetos de seu porco de estimação no lago da cidade, desencadeando uma ordem presidencial de isolamento da cidade e a revolta total da população contra sua família.
Alternando entre momentos absurdamente cômicos e outros nem tão engraçados assim, há cenas que se destacam de longe e fazem jus à personalidade única do desenho (“Spiderpig” faz doer a barriga de tanto rir). Mas se por um lado a fórmula da simplicidade dá um tom certo para que a aventura não se perca em extravagâncias, por outro podemos sentir um pouco a falta das principais características do seriado, como a preguiça e porquice de Homer (ele talvez nunca tenha trabalhado tanto, nem sido tão ativo durante todos seus dezoito anos quanto foi no longa), as implicações do Sr. Burns (que pouco dá as caras), e os devaneios feministas de Margie. Nada que uma exibição dupla do seriado no SBT nos áureos tempos em que a emissora ainda exibia Blossom não pudessem oferecer com satisfação. Talvez esse seja o único escorregão e ameaça ao sucesso aterrador que o filme promete fazer nos cinemas mundiais.
Contudo, o longa vale o ingresso e é garantia de boas risadas. Com participações memoráveis (Green Day, Tom Hanks e Arnold Schwarzenegger estão todos lá) e tiradas sempre atuais, Os Simpsons – O Filme passa seu recado e deixa sua marca no universo cinematográfico da forma que melhor sabe fazer: unindo entretenimento e diversão com o verdadeiro cotidiano da vida real.