Follow Us

O adeus à Ozark

O adeus à Ozark

A despedida de Ozark Lakes e da família Byrde, que vai deixar saudades…

Depois de quatro temporadas crescentes e emocionantes, chegou a hora de dar adeus à família Byrde. E eu adiei tanto esse momento… Não sabia se estava preparada para me despedir de personagens que, em meio à tramoias, crimes e sangue derramado, eu esperava ansiosamente para reencontrar a cada temporada.

Quem nunca torceu pro Ruth Langmore em sua vida fadada à tragédia e dor? Quem nunca esperou pelo momento em que Marty Byrde explodiria de verdade (e ele veio na quarta temporada!)? Quem nunca sentiu um pontinha de vontade de matar Wendy? E quem nunca teve vontade de conhecer de verdade os cenários belíssimos de Ozark Lakes?

A verdade é que Ozark foi a série que me fez lembrar por que eu entrei para o mundo do Streaming e gostei tanto… Recordo com clareza de que foi Bloodline que me fez assinar Netflix. Seguindo um estilo de trama semelhante ao que vemos em Ozark (família disfuncional, crimes, suspense, segredos e mentiras), a série me instigava a cada episódio. E o mesmo aconteceu aqui com o clã dos Byrdes.

SPOILERS

Depois de uma terceira temporada simplesmente arrasadora, a série conseguiu mais uma vez manter o seu ritmo crescente e entregou uma primeira parte de tirar o fôlego na quarta temporada, com a inserção de Javi como o personagem que chegou para instaurar o caos e bagunçar os planos dos Byrdes em sair da vida do crime e voltar à normalidade. O sobrinho que seria o possível novo rei do cartel Mexicano caso Omar Navarro saísse de cena era tão inescrupuloso que não pensou se seus planos seriam contrários ao desejo do tio. E assim ele foi lá e meteu bala no casal (mais improvável de todo) Darlene e Wyatt, encerrando a primeira parte com uma Ruth absolutamente revoltada e capaz de tudo (e o nosso coração na garganta).

Meu maior medo era que essa pausa até a liberação dos episódios finais pudessem esfriar um pouco as coisas, mas eram tantas questões em aberto que não havia tempo para esfriar nada… O que definiu o último trecho foi a dinâmica de que quanto mais os Byrdes tentavam tirar o pé do crime, mais eles afundavam em sua própria teia.

A ida de Marty para o México representando Omar rende tanta tensão que mais uma vez vemos aquela humanidade que começou a despontar na terceira temporada se afirmar em nosso protagonista lavador de dinheiro favorito. Em paralelo, a chegada de um novo personagem vem com força para complicar (mais um pouco) a vida de Wendy e sua família: o pai dela chega à cidade para fomentar busca por Ben, trazendo consigo todo o passado de problema na relação com a filha. Não contente, ele ainda vai tentar levar as crianças embora com ele, mas não por se preocupar com Charlotte e Jonah, mas simplesmente para fazer a filha sofrer.

É no penúltimo episódio, aliás, que já começa embalado ao som de Styx – Renegade que a coisa engrena para o grand finale.

Com Charlotte e Jonah decididos a ir e uma briga no tribunal prestes a lascar tudo para os Byrdes com a investigação criminal feita pelo ex-policial Mel, agora detetive contratado pelo pai da Wendy, sobra mais uma vez para a Ruth salvar a vez. E, claro, a moça consegue. É ela quem convence os jovens a conversar com Wendy no hospital psiquiátrico em que ela se auto-internou (sim, isso mesmo). E ao sair de lá a família sofre um acidente de carro (a cena até então não explicada do início da temporada). É muita coisa pra processar.

Enquanto tudo isso está acontecendo, Ruth recorre à uma velha amiga (lembra da antiga gerente da primeira pousada/bar que o Marty comprou lá quando tudo começou?) para ser sua laranja. Ela está decidida a comprar o cassino só pra ferrar os Byrdes. O que ela não contava é que conseguiria limpar sua ficha com a ajuda de Charles Wilkes e ser a primeira Langmore com ficha limpa na história. Assim, ela não só usa a herança de Wyatt e Darlene para comprar o Missouri Belle, como começa a construir a mansão que tinha idealizado com o primo. Mas, óbvio, não sem algum trabalho…. Ao tentar minar a lavagem de dinheiro no cassino e bloquear o acordo dos Byrdes com o cartel e a fundação de Clare, ela passa a ser um alvo para o cartel. E é assim que o faz tudo de Omar morre. Depois de matar quase todo mundo na série, ele morre com o tiro de uma novata na história toda. É a ex-gerente do Blue Cat e agora gerente do Cassino que atira nele para se defender com o aviso de Ruth.

E isso que eu ainda nem citei a irmã de Omar Navarro, mãe de Javi, possível mandante do assassinato do irmão (mas ele não morreu) e agora novo nome usado por Wendy e Marty para tentar se safar do cartel. A coisa só vai complicando mais e mais e mais. Wendy ultrapassa todos os limites da sanidade nesta temporada e Marty, por sua vez, cada vez fica mais submisso às decisões da mulher. E é neste penúltimo episódio que vemos, finalmente, Marty Byrde explodir!

Cansado das decisões doentias e cada dia piores de Wendy, ele explode em uma briga de trânsito e soca a cara de um esquentadinho com tanta vontade que chega a ser surreal. O casal vai preso e os filhos tem que ir pagar a pensão e liberar os dois da cana… Charlotte e Jonah, por sinal, foram dois que cresceram muito ao longo da série, tanto em idade quanto no desenvolvimento de seus personagens. Charlotte vai de menininha chata à sucesso nos negócios da família e Jonah se torna um rei da lavagem de dinheiro muito antes de alcançar a maioridade.

Mas ninguém poderia imaginar que eles teriam que seguir até o fim com a ideia de tirar Omar de cena. Mesmo sabendo que tudo começou com a vingança de Camila pela morte do filho, os Byrdes poderiam ter minimizado os danos, mas não. E assim, Omar é eliminado da cena no cartel. O que os Byrdes não imaginavam, no entanto, é que Camila tinha mais um check para fazer e que isso os colocaria em risco quando finalmente pensavam que tudo estava resolvido e que em 24h estariam livres da antiga vida de crimes para sempre.

É na festa da fundação que está rolando no Missouri Belle que Camila pressiona Clare sobre a morte de Javi e a executiva não pensa nem meia vez para delatar Ruth. E aí a coisa vira coração na mão até o fim… Impedidos de avisar a Langmore que se tornou quase uma Byrde, Wendy e Marty enfrentam a sua pior crise de consciência em toda a história de Ozark ao saber que Ruth será morta sem poder fazer nada.

Eu confesso que nesse momento achei que a coisa poderia se desenrolar de forma em que Ruth fosse salva…. Mas vamos falar a verdade: seria totalmente fora de contexto que depois de tudo que os Byrdes fizeram eles saíssem sem nenhum preço a pagar para uma vida normal. O mais triste, no entanto, é ver Ruth, que a vida toda só pagou o preço de ser uma Langmore, uma Ruth à qual nos afeiçoamos e aprendemos a amar, dizendo adeus sem a chance de finalmente ser feliz justamente quando sua própria vida parecia ter encontrado um caminho melhor… Doeu despedir dela….

Só que, assim como Marty e Wendy, você não tem tempo de chorar sua morte… Quando chegam em casa, os dois são surpreendidos por Mel, o investigador de quem pensavam ter se livrado ao devolver o cargo de policial em Chicago. Desconfiado da urna de biscoitos da Ruth desde o começo, ele saca que ali estão as cinzas de Ben e volta para dar o check final nos Byrdes. E aí quando parecia que tudo estava salvo e agora estava perdido de novo, um Jonah decidido surge com uma arma apontada para Mel. Você ouve apenas o estalido e as luzes de Ozark se apagam para sempre, deixando para sua memória construir o restante da história dos Byrdes, que sabemos que nunca sairão dessa vida de crimes depois de tudo que vivemos ao lado deles.

Que série, meus amigos!

Acho que a Dona Netflix até percebeu que era muita coisa pra processar que o episódio mal termina e ela já mete lá o documentário de 30 minutos “Ozark – Despedida” (A Farewell To Ozark). Que, aliás, é muito legal e realmente uma ótima maneira de se despedir de Ozark com carinho. O breve remember traz relato dos atores sobre os bastidores da série, a direção de Jason Bateman que rendeu tantas premiações, assim como a atuação de Julia Garner, a estreia de Laura Linney na direção (é dela o episódio em que Marty explode), Jonah e Charlotte ainda novinhos e curiosidades sobre Ozark.

No fim, acho que foi um final sensato, porque a realidade é que nunca conseguiríamos nos despedir de Ozark tanto quanto os Byrdes nunca conseguiriam se despedir do nó em que se meteram há quatro temporadas atrás….. Sentiremos saudades de acompanhar toda essa loucura a cada temporada.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *