Atenção, publicitários de plantão! Podem se dar ao direito de uma pausa para comemorar porque hoje o dia é só nosso!
Parabéns à todos os meus colegas de profissão! Votos de muita criatividade, paciência, energia e paixão pelo ofício!
O segredo da coisa: paixão pelo ofício…
Publicitários são profissionais que muitas vezes carregam o estereótipo de “ malucos”, “loucos”, “extravagantes”, “diferentes”, “esquisitos”, “excêntricos” e tantas outras nomenclaturas que não nos cabe citar. Fora a comparação com outras profissões – não menos dignas! – mas que em nada se assemelham no conceito de sua concepção.
O certo é que o publicitário é bicho curioso, inquieto, ousado, questionador, que quer saber de tudo um pouco, tem sede de conhecimento e necessidade de movimento. Rotina não faz parte de seus planos. E “pra ontem” é praticamente o seu nome do meio.
Ele grita, dá gargalhada, estressa, irrita, discute, encanta, emociona, ilude, desilude, fortifica, desmistifica, inventa, aumenta, reinventa, soma, multiplica, provoca, questiona, comove, intriga, choca, horroriza, alegra, faz e acontece.
E o publicitário chora. Principalmente quando ele escreve um texto lindo sobre sua paixão pelo ofício, o micro trava e ele perde tudo, pois empolgado em sua narrativa cometeu a insanidade de não salvar a cada parágrafo. 20 minutos e o texto perfeito havia se formado, faltava apenas incluir a imagem…. Ódio mortal! E quem nunca sofreu disso, que atire a primeira pedra….. (Que fique claro: a memória só conseguiu recuperar uns 40% da intensidade passional do primeiro registro perdido… e toda vez que eu olhar para esse post lembrarei – amargamente – disso.)
Como um ser da área de comunicação, o publicitário atua no planejamento, coordenação e desenvolvimento de campanhas publicitárias para divulgar produtos, serviços, empresas ou pessoas. Ele é um pouco cientista e um pouco artista. Realiza e interpreta dados de pesquisa de mercado e de opinião, perfil de público-alvo, hábitos de consumo, define estratégias, toma decisões, é meio adivinho, meio amigo, meio psicólogo, terapeuta, vidente, advogado.
Muita gente acredita que publicitário é uma palavra para camuflar o ‘vagabundo’ da empresa. Aquele cara folgado que entra mais tarde, passa o dia navegando na internet e vendo vídeos no youtube, tomando mil e um cafés no corredor, conversando com o pessoal do escritório, ouvindo música, e que no fim do dia precisa fazer hora extra até tarde da noite para dar conta do trabalho que não fez o dia todo enquanto ficou ‘enrolando’. Ah, se fosse verdade! Seria tudo tão mais fácil….
Até que, um dia, alguém acreditou no que fazíamos e resolveu que também éramos gente! Foi aí que a profissão tornou-se regulamentada em 18 de junho de 1965 e para fiscalizar seu exercício foi criado o Conselho Nacional de Auto-regulamentação Publicitária – CONAR – em 1980. O CONAR é uma organização não-governamental constituída por publicitários e profissionais de outras áreas, que visa impedir a propaganda enganosa ou abusiva e promover a liberdade de expressão publicitária. E quantas risadas não damos com os vai-e-véns que pintam nos tribunais publicitários…. Pelo menos enquanto o alvo de julgamento não é um de nossos trabalhos, é claro.
“A propaganda é a alma do negócio”, diz o ditador popular. Hoje, finalmente a propaganda está deixando de ser vista como despesa pelas empresas. Propaganda, marketing e comunicação. É tudo investimento! Em muitos casos é o que garante o sucesso de um negócio frente à selva de pedras, em que a concorrência é brutal e não perdoa mesmo!
Mas, claro, ainda há quem acredite que somos o povo folgado que entra mais tarde, passa o dia na internet, no cafezinho e etc etc etc…. Mas não faz mal. Um dia, com jeitinho, a gente acaba convencendo esse pessoal a sair do lado negro da força e levantar a bandeira da paz.
Porque ser publicitário é isso. Ser publicitário é não ter medo de colocar a cara a tapa, é entender que para ter sucesso é preciso ser ousado. Nosso trabalho desconhece limites, não aceita um simples sorriso de canto. Somos 8 ou 80, não queremos agradar pela metade, informar pela metade, ou você entende o que é para ser entendido ou nosso trabalho não foi realizado.
E sabe aquela palavrinha mágica que tanto ronda nosso universo? A tal “criatividade”? Pois então. Ela é o mandamento número um! Não porque você tenha que fazer um anúncio perfeito, super criativo que páre o mundo. Nada disso. Mas porque você vai precisar de muita criatividade para montar aquela campanha de arrecadação de fundos sem nenhuma verba e ainda agradar o público, a instituição que solicitou a peça e o seu chefe. Se vira! Dá seus pulos! Mas trate de apresentar resultados… “Você tem uma hora, duas páginas em branco e 120 caracteres para convencer seu público com uma frase. Enquanto isso vou ali analisar os resultados que você conseguiu até agora para a campanha de fundos. E acho bom que eles sejam positivos, pois esse cliente é bem exigente…” Pressão, pressão, pressão!! É assim, todo dia. Seja na agência, na empresa, na fabriquinha do fundo de quintal. No fim das contas o negócio todo é esse: resultado!
E porque resistimos? Porque nós somos publicitários, pombas!
Comunicar é a nossa paixão. E cada desafio é o nosso combustível para fazer do nosso trabalho um momento de reflexão no seu dia.
Somos enganadores? Não! Apenas mostramos a realidade por uma outra perspectiva. Floreamos com adjetivos o que poderia ser só mais um simples substantivo. Te fazemos dar atenção àquilo que é bom mas que até então passou despercebido tantas vezes à sua atenção. Fazemos seu marido lhe presentear com aquela jóia que você tanto desejava e que ele jamais compraria por iniciativa própria. Convencemos você a sacrificar uma ida ao barzinho para comprar o presente de Dia das Mães. Mas também lhe mostramos que você merece uma saideira no boteco no fim do dia, afinal, você já comprou os presentes para se justificar depois. Muitas vezes fazemos você pensar, refletir, divagar. Nem que seja para ter certeza de quão ruim é aquele anúncio, mas ainda assim cumprimos nosso objetivo, afinal, você parou por um minuto do seu dia e prestou atenção no anúncio ridículo, certo?
Há quem pense que somos ricos. Que publicitário é o cara que não faz nada de trabalho pesado e se dá bem. Ledo engano, amigo… Há sim os ‘reis do pedaço’. Geralmente são os bons de lábia, que conquistam uma posição privilegiada rapidamente, aí vão na onda do sucesso. Ou então é aquele famoso imbecil do escritório: não faz nada. Foi você quem ralou a semana toda para montar a campanha, aí o mala sem alça foi o responsável por apresentar, o cliente gostou e ele ficou com os louros. Acontece. Muito. Mas esses imbecis não são exclusividades da publicidade, estão por toda parte. Parece praga, erva daninha. Você mata um, nascem outros dez no lugar!
E há ainda quem pensa que nascemos e vivemos para colecionar prêmios. Gostamos de prêmios? Claro! Quem não gosta? Só que não é aí que está a glória. Até porque pode ter certeza de uma coisa: enquanto um cara está lá todo bonitão fazendo peça que ganha prêmio, deve ter uns dez neguinhos ralando no escritório para fazer campanha que rende dinheiro de verdade e financiar as aventuras artísticas do ser premiado. Sabe qual é o verdadeiro prêmio do publicitário: resultado!! Já falei e volto a repetir. É ver que aquela campanha que você passou o mês virando noites em claro para fazer, o cliente não concordou (porque o simpático nunca pensa que quem precisa gostar é o público dele, que vai comprar o produto, e não ele!), seu chefe brigou com você por isso, você teve que refazer na última hora e sem perder o potencial de resultados para, enfim, depois de veiculado, você respirar aliviado ao ver que rendeu os frutos esperados. Ou ainda melhor: superou expectativas! Ufa! Aí sim, missão cumprida, resultado alcançado, mais um prêmio conquistado.
Ser premiado é você andar na rua e ouvir o grupo do ponto de ônibus comentando a campanha que entrou no ar aquela semana. É ver sua empresa multiplicar os lucros com o seu trabalho. É ver a tiazinha da padaria te indicar o novo xampu que ela viu na revista sem ter idéia de que foi você quem colocou ele lá. É ver seu anúncio ser o primeiro nos trending topics do twitter. É ver faltar produto na prateleira depois que a campanha foi para o ar.
Enfim, eu poderia passar a madrugada dissertando sobre as peripécias de nossa profissão e os infinitos motivos pelos quais a escolhemos. Poderia defender com unhas, dentes, braços, pernas e outros adjacentes cada aventura de nosso ofício, mas vou resumir em poucas palavras o que já deve ter dado para notar, principalmente se você acompanha esse blog de vez em quando:
E U A M O O Q U E E U F A Ç O ! ! !
Entendeu? Então é isso…
Não entendeu? Então nunca vai entender…
(Até porque provavelmente nem chegou até aqui)
E para encerrar o post, o hipnotizante vídeo de abertura da edição 2010 na premiação
Advertising & Design Club of Canada (ADCC) Awards. A criação é da Leo Burnett de Toronto.
Dispensa maiores comentários…