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O Lobisomen

*** SPOILERS *** Se você não quer saber detalhes importantes do filme, não leia!!! ***

Definitivamente Anthony Hopkins tem uma veia assassina. Ele é quem deveria ter estrelado “The killer inside me” no lugar de Casey Affleck. Depois de encarnar o inesquecível Hannibal Dr. Lecter (e se você nunca viu “O Silêncio dos Inocentes”, trate de correr para a locadora mais próxima antes de sair por aí se dizendo um habitante do planeta Terra…), ele agora retorna às origens sanguinárias dando vida à uma das figuras mais lendárias da mitologia: o Lobisomen.

O filme já estava prometendo desde que os primeiros trailers e imagens foram divulgados na internet. E cumpre muitíssimo bem o seu papel. Talvez os que ficaram naquela grande expectativa esperassem um pouco mais (até mesmo no sentido de duração do longa, que fica em 1h40m – pouco para os padrões de ‘blockbusters’ de hoje – mas como tamanho não é documento…), contudo o enredo cumpre seu papel.

No melhor estilo da Inglaterra Vitoriana, a mansão Talbot já anuncia o clima sombrio que precede a história (o jardim na lembranças de Talbot tornam imediata a associação ao jardim de “O Iluminado”, tão sombrio e assustador quanto). Lawrence Talbot é uma estrela do teatro europeu que não vê sua família há anos, já que após presenciar a morte da mãe, o pai o manda para um sanatório e posteriormente para viver com a tia na América. A pedido da noiva de seu irmão desaparecido, retorna para sua terra ancestral tentar descobrir o que acontecera. Mas chega tarde demais, e ao tentar resolver o que causou a morte de seu irmão acaba sendo arremessado à maldição que atravessa a família Talbot em segredo há anos: é mordido por um lobisomen (que mais tarde descobrirá ser seu próprio pai), tornando-se também a abominável besta que aterroriza o vilarejo. A partir daí, entre as muitas sequencias sanguinárias e violentas, Lawrence se apaixona pela cunhada-viúva, descobre o segredo de seu pai e tenta lutar contra o monstro que se tornou. Suspense do melhor gênero do início ao fim!

Hopkins está arrebatador como John Talbot. Suas expressões, que guardam anos de maestria como ator, são capazes de impressionar até os mais céticos, principalmente pela transformação do Sir John frio do início da história até a revelação do monstro sem piedade que não reserva perdão nem ao próprio filho.

Benício Del Toro, por sua vez, consagrou-se como estrela do alto escalão. Após “Che”, engatou “O Lobisomen” de corpo e alma, como ator e também produtor do longa. E convence. ele é o tipo de cara que construiu uma trajetória singular e sempre construtiva em sua carreira, fazendo por merecer o resultado por que tanto batalhou. Não se envolve em qualquer projeto, mas naqueles que acredita, e deveria receber um pouco mais de crédito em Hollywood por isso.

E Emily Blunt é a agradável presença feminina no filme, vivendo a doce e firme Gwen Conliffe, noiva de Ben Talbot que, com o desaparecimento do dito cujo, aproxima-se do cunhado e se apaixona por ele, sendo ela a chave que o libertará de sua maldição. Se bem que depois de aturar a malvada Miranda Priestly em “O Diabo Veste Prada”, enfrentar dois lobisomens deve ter sido fichinha para ela…. rs

Destaque para Hugo Weaving como o Inspetor Alberline, tão diferente de seu implacável agente Smith, em “Matrix”, que eu tive a insensatez de confundir com Billy Bob Thornton!! Sim, me chame de louca!!!

E não poderíamos deixar de citar Sansão, o cão de guarda dos Talbot, que em um daqueles momentos de maior suspense do filme faz muita gente pular da cadeira na hora em que Lawrence retorna a mansão armado procurando pelo pai lobisomen….

Mas o grande momento fica por conta da briga impressionante entre pai e filho nos minutos finais. Um Hopkins sem dó nem piedade contra Del Toro em busca da salvação. Coisa única!!! Duelo de titãs.

Os efeitos especiais são bons, e apesar da maquiagem impecável das bestas, entre tanta tecnologia futurista talvez a gente esperasse um pouquinho mais. Só que na verdade a produção partiu para o lado realista, o que foi um golpe arriscado, mas de muita coragem.

No mais, o longa faz jus ao mito em suas origens mais obscuras. Se você não curte carnificina, sangue e violência, não assista! Não é à toa que a censura avisa: maiores de 18 anos…

E por precaução não saia de casa em noite de lua cheia sem uma coleção de balas de prata no bolso…

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