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Dia 04 – Los Angeles: Agoura > Anaheim


No quarto dia da nossa aventura, um momento muito esperado: hora de pegar o motorhome e cair na estrada! Mas como será dirigir um grandalhão com a casa nas costas? Como seria nossa adaptação ao novo cenário? Vem ver no post de hoje!
Um dia muito esperado e repleto de pontos de interrogação chegou… É hora de retirar o motorhome para começar a parte hardcore da aventura!
Para isso, nossa programação era:
  • 09:00 – Café da manhã e fazer malas
  • 11:00 – Check out na pousada
  • 15:00 – Retirar o Motorhome
  • 16:30 – Test drive: acostume-se com o motorhome
  • 17:00 – Mercado: abasteça a dispensa
  • 17:30 – Partiu Anaheim
  • 19:30 – Jantar
  • 20:30 – Estacione o motorhome e descanse


E foi isso aqui que aconteceu….

RETIRANDO O MOTORHOME

Como o dia prometia uma dose extra de emoção, nos demos o direito de dormir um pouco mais e despertamos lá pelas nove da manhã para tomar um banho, um bom café e arrumar as malas. Seria nossa saída da pousada para não retornar mais à Los Angeles até o penúltimo dia de viagem…
Chamamos um uber e deixamos a pousada. O trajeto que levaria cerca de 50 minutos de uber tomaria quase três horas do nosso dia de ônibus. Considerando que além do tempo muito maior em função das trocas de linhas e horários de partida ainda teríamos que lidar com as malas (duas malas médias, duas mochilas e uma sacola), não tinha nem o que pensar a respeito…
O caminho para Agoura Hills, onde fica localizada a Road Bear, nosso ponto para retirada do motorhome, foi recheado de expectativa e alguns cochilos… Minha primeira preocupação foi aproveitar para observar o trânsito enquanto eu me preparava psicologicamente para dominar o tráfego americano com o grandalhão que estávamos prestes a conhecer. Mas aquele solzinho, o balanço do carro e o cansaço de uma semana agitada foram me vencendo e deve ter rolado uma soneca de quinze ou vinte minutos em um determinado trecho do caminho. E que delícia de descanso!

E claro… Como desafio pouco é bobagem, essa parte da aventura caiu bem no dia do irmão pra selar de uma vez o teste de sobrevivência para nossa fraternidade… 😂

Burocracia necessária

Chegamos na Road Bear às 12h30 e rapidamente fomos atendidos por John, um cara extremamente simpático que ficou encarregado de realizar toda a burocracia necessária e depois nos mostrar como funcionava o motorhome (e você também vai ler RV algumas vezes quando for me referir ao veículo).
Como a reserva já tinha muitos dados completos, John se encarregou de nos pedir para preencher uma ficha complementar e entregar nossas carteiras de habilitação para cadastro. Nesse momento até tentei entregar para ele a PID, mas ele dispensou e disse que a habilitação era o que precisava. Ok, né… Também neste momento ele solicitou um cartão de crédito para a reserva de USD 1000,00 relacionada ao seguro por danos ao veículo (aquela reserva padrão que é feita no cartão de crédito sempre que você aluga um carro). Ou seja: tenha sempre um cartão com limite suficiente para prever essa reserva. Nós já sabíamos dessa exigência desde o momento da reserva então já tinha me programado para tal.
John também nos entregou o manual do veículo e uma pasta com todas as fichas relacionadas à nossa reserva. Além disso, como última etapa do processo ele também fez junto conosco a vistoria do veículo para anotação de possíveis danos e anexou junto a folha documentada.
Burocracia resolvida, agora sim o momento mais esperado: entender como funciona o motorhome!

Conhecendo o Motorhome

Mas afinal de contas, como é que funciona esse negócio?! Quais são as coisas mais importantes que precisamos saber? Como funciona o despejo dos dejetos e reabastecimento de água? O que precisamos olhar com mais atenção?
Eram tantas perguntas, mas sem nem mesmo precisarmos fazê-las, John foi respondendo uma a uma… Junto conosco ele também aproveitou a orientação para incluir uma outra família que estava retirando um modelo maior, então haviam poucas diferenças mínimas para o funcionamento. E foi positivo, pois as perguntas de cada um serviam para os dois, o que nos ajudou a prever coisas que talvez não tivéssemos pensado naquele momento.

O primeiro passo foi nos mostrar a cabine do motorista, que nada mais é do que um veículo automático normal como qualquer outro. Sem segredos. E é na porta do motorista que fica a entrada de abastecimento do combustível.
Em segundo lugar, ele apontou onde ficava o controle do óleo e orientou que era preciso checar o nível para o motor a cada 500 milhas e para o gerador a cada 8 horas de consumo. Há um painel que indica o consumo no interior do RV, vou falar mais sobre ele depois. Provavelmente não precisaríamos nos preocupar com isso em momento algum, mas checar era importante para evitar desconfortos desnecessários.
Depois foi o momento de conhecer o procedimento para despejo dos dejetos, ou seja: como mandar embora a água usada no chuveiro, na cozinha e as porcarias que a gente mandava privada abaixo. E é mais simples do que parece. Basicamente existe duas caixas: a grey water, que armazena a água usada na pia da cozinha, do banheiro e box do chuveiro; e a black water, que armazena o esgoto do vaso sanitário. Cada uma conta com uma alavanca. Nossa missão é conectar uma ponta da mangueira própria para isso na saída do esgoto do RV (que é única para as duas caixas de detritos) e a outra ponta na entrada da dump station (locais próprios para o descarte dos dejetos) e acionar as alavancas. A dica é: esgote sempre a black water primeiro e depois a grey water, assim a segunda fase já dá uma “limpadinha” básica no interior da mangueira. A black water tem apenas uma alavanca, e a grey water conta com duas alavancas para serem acionadas. Mas elas têm as respectivas cores que as nomeiam, então é tranquilo lembrar disso. Outro ponto importante: o buraco de despejo deve ser sempre em nível mais baixo que a saída do esgoto no motorhome. Você não vai querer ver merda parada na mangueira por conta do nível errado, então melhor evitar, rs.
Feito o descarte, é só tirar a mangueira, fechar o cano do RV, dar uma lavadinha na mangueira por garantia e guarda-la de volta no depósito próprio do motorhome. A próxima etapa, então, é reabastecer o tanque de água limpa do RV, chamado de “fresh water”. Sem mistérios: conecta a mangueira na torneira e no RV e abre até que o depósito esteja cheio. Você saberá quando esse momento chegar pelo painel de controle no interior ou quando começar a vazar água pelo escape. Aí é só desligar e desconectar. Há ainda uma entrada específica para conexão fixa, quando você quer utilizar no RV direto a água da torneira, preservando o tanque como reserva. Isso serve quando você está em acampamentos que oferecem full hookup, ou seja, tudo aquilo que você mais precisa: água, energia e dump station.
Próximo passo: energia! O RV conta com um gerador para você não passar sufoco e a energia é recarregada sempre que você está na estrada mantendo o giro do motor, mas sempre que estiver em um acampamento com fonte de energia é recomendável utilizar a tomada. Até porque isso evita o consumo do gerador e do gás propano, que serão cobrados de você depois.
E falando em gás propano, esse é outro ponto de atenção. Se acabar, você precisará encher o tanque de gás. Ele é que mantém a energia ativa, bem como a geladeira e o chuveiro. Mas para a nossa média prevista de estrada, John disse que talvez não fosse necessário reabastecer e que se não queríamos correr o risco (os principais índices de acidente com propano são turistas que não sabem como fazer o procedimento), era só voltar com o tanque incompleto e eles se encarregariam disso. Obviamente foi isso mesmo que fizemos! Hahaha…
Pronto, parte externa completa, hora de ir pra dentro checar os demais detalhes!

É dentro do motorhome que fica o painel de controle de tudo isso que falamos até agora. O painel mostra se os reservatórios de grey e black water estão vazios, com 1/3 da capacidade, 2/3 ou cheios. 
E o mesmo serve para controlar a água limpa e o propano. É nesse mesmo painel que estão os botões para ativar a bomba de aquecimento do chuveiro, a bomba de água, as luzes internas e externas do motorhome e o acionador para abrir e fechar o toldo externo. O chuveiro leva 20 minutos para esquentar, então sempre é preciso acionar o pump um tempo antes do banho. E sempre importante checar se está tudo desligado antes de sair do RV.
O interior do motorhome conta com uma sala/cozinha com armários e geladeira, duas camas, uma na traseira e outra acima da cabine do motorista, e um banheiro com pia, vaso sanitário e chuveiro. E sim, cabe tudo e é do tamanho suficiente para o necessário sem ser sufocante! A cozinha ainda é equipada com fogão e microondas. Nosso pacote incluía kits de cama, mesa e banho, então os cobertores, lençóis e toalhas estavam garantidos. John tinha esquecido deles, mas terminando a explicação foi pegar pra nós.
Nesse meio tempo enquanto John pegava os kits um funcionário manobrava um motorhome que tinha sido devolvido e ia estacionar ao lado de um que estava sendo vistoriado para um senhorzinho prestes a partir… E pá! O funcionário pegou em cheio na caçamba e quebrou um pedacinho de um luminoso. Nada grave, mas já deu o tom de como era importante ter cuidado com as manobras dado o tamanho e altura do veículo. Por isso a recomendação em caso de manobra é sempre que o acompanhante desça e apoie o motorista com as indicações.
Tour finalizado, dúvidas sanadas e explicação mais do que entendida, restava o frio na barriga. E ele já começaria bem antes do básico para um motorhome: era o básico de um carro automático… Eu nunca tinha dirigido um! Nunca não… Até já tinha, mas era com supervisão e sem ter que pensar o que era preciso fazer…

Foi aí que a explicação mais perfeita do mundo que um amigo me deu entrou em ação. Ele me ensinou a usar as letras a meu favor de um jeito que eu nunca mais esqueço na vida: P de Parar, D de Dirigir, R de Ré e M de Manual. E sempre pise no freio para ligar.
Então quando eu sentei no grandalhão e assumi a cadeira de motorista, o primeiro frio na barriga era ligar o bichão, kkkkk… Pé no freio, liga… funcionou! O segundo era tirar do lugar sem bater no de trás… Posiciona no D e acelera bem devagarinho… Andou! Agora usa o volante que Deus te deu e vira… Foi! Ufa!

Devo ter caminhado algumas milhas sem passar das 20 ou 30 milhas (30-45 km/h). E para não correr riscos, nossa primeira ação foi encontrar o Walmart mais próximo para abastecer a dispensa e treinar algumas manobras…
Saímos da Road Bear às 14h30 e as 14h55 estávamos no Walmart de Fallbrook Center, em Hidden Hills. Encontramos uma área vazia do estacionamento, demos aquela fuçadinha básica já mais a vontade no RV e saímos igual dois malucos atrás de comida. Estávamos varados de fome! Como tínhamos passado por alguns restaurantes, seguimos a pé na direção deles e entramos em um Chick’fil’A, uma rede de fast food especializada em frangos. Mas tinha um Mac&Cheese de outro mundo nesse lugar! Nos fartamos de comer e parecia a coisa mais maravilhosa do mundo. Jamais saberemos se era assim tão bom ou se era a fome, rs.

Saímos de lá e entramos no Walmart comparar alguns suprimentos básicos: água, papel higiênico, produtos de limpeza, comidinhas, congelados, etc. O básico necessário para quem agora ia viver dentro do motorhome.
Voltamos para o RV e aproveitamos para fazer uma call com a família, contar que estava tudo bem e mostrar um pouco do RV. Afinal, todo mundo estava curioso junto com a gente. Também foi um bom momento para manobrar com mais segurança e entender até onde ir ou não com o grandalhão.

ATÉ MAIS, LOS ANGELES

Muito bem. Direção bem entendida, dispensa abastecida, é hora de partir rumo à Anaheim para a próxima fase da nossa viagem: Disney California.
Para fugir do trânsito típico da hora do rush, pegamos um acesso que nos levaria para Long Beach, assim também poderíamos aproveitar dar uma espiada no Queen Mary, um famoso transatlântico aposentado que hoje faz parte da história da California. É também em Long Beach que foram gravadas algumas das cenas do seria The O.C.
Com força, fé e coragem respiramos fundo e partiu freeway e highway! E aí sim entendemos o que era trânsito intenso… No começo o mais estranho era perceber que nós éramos o único RV na estrada. Mas aos poucos, conforme placas como “santa Monica” e “Santa Barbara” se tornaram mais frequentes, outros parentes motores começaram a aparecer e nos sentimos menos sozinhos.

E aí sair das 30 milhas para as 60 foi apenas uma consequência. Conforme o transito flui e você sente melhor o domínio do tamanho e peso do RV, você ganha confiança e a coisa toda fica natural. Mas mudar de faixa nos primeiros dois dias era algo que eu fazia com cuidado. No motorhome você só conta com os retrovisores laterais. O frontal/traseiro tem apenas a câmera de ré, já que não rola a visão habitual de um carro, visto que no máximo você veria o interior da sua casinha no espelho, rs.
Seguimos na estrada por duas horas até chegar em Long Beach.

LONG BEACH

Como chegamos com a noite já presente em Long Beach, não rolou uma paisagem tardia. Mas mesmo assim a cidade se mostrou muito simpática e bonita! Decidimos pegar a orla, que não é bem orla, já que a rua é cercada pelas casas que, de fato, ficam com a vista beira mar. E por isso também não conseguimos ver nada além das luzes distante do Queen Mary.

Até tentamos encontrar um lugar para estacionar, mas foi aí que veio a primeira (e talvez uma das únicas) desvantagens do RV: estacionamento. Estacionar em qualquer lugar com ele não rola. E como éramos novatos nisso, também não queríamos arriscar uma multa.
Nos contentamos com o passeio motorizado pela quase orla e como já era tarde, seguimos para Anaheim.

ANAHEIM

Foram mais 50 minutos dirigindo até chegarmos ao Walmart do Anaheim Plaza. O engraçado é que quando você olha no mapa tudo parece tão pertinho…
Bom, primeiro vamos explicar por que ir para o Walmart…. Durante as infinitas pesquisas que eu fiz, além de encontrar apps que indicam áreas de camping para motorhome por geolocalização, eu descobri que os Walmart em geral aceitam RV para estacionar em suas áreas. Tanto é que eles também aparecem nos apps! No entanto, em todas as unidades fica bem claro que não aceitam pernoite. Maaaas eu li em vários lugares que é de boa encontrar um Walmart para pernoitar. E como quem não arrisca não petisca e quem não corre risco não se aventura, claro que íamos tentar logo na primeira noite.
Chegando lá, mais dois RVs estacionados! Yes, tiro certo! Relaxamos, descemos comprar mais umas coisitas (entre elas tênis novos, lindos e baratinhos que me acompanharam no resto da jornada) e voltamos para começar o ritual jantar-banho-descanso.

Como era a primeira noite, eu demorei um pouco para ficar tranquila de que realmente não teríamos problemas para passar a noite lá. Mas o RV que estava ao nosso lado (e era bem maior) já estava até com o gerador ligado e tudo apagado, dormindo feliz. Então conforme o tempo passou, relaxamos e dormimos (eu, pelo menos, feito uma pedra!).
Dormir no RV é tranquilo. Se você não tem problemas com barulhos, vai dormir feito uma criança. Mas pode apanhar se for muito sensível a carros passando e outros pequenos sons ao longo da noite. Conforme o horário avançava, o fluxo diminuía e sobrou apenas o vigia do estacionamento e alguns caminhões que esqueciam a lombada e nos davam um susto com o barulho ao passar direto (mas depois da segunda noite e o cansaço do dia esses barulhos já nem incomodam mais).
No final da noite sobrou aquela sensação de “Ufa, desbravamos o motorhome”, com “Que demais, agora sim começou a parte legal da aventura”, “Cara, to dormindo em um RV!” e “Falta muito para pegar a estrada de novo?”… Era um misto de agitação, ansiedade e cansaço que é difícil explicar. Mas o resultado era incrivelmente bom.
Mesmo com toda essa agitação, o cansaço da tensão bateu e o dia seguinte seria agitado com outro parque nos esperando. Tínhamos rodado umas 85 milhas (uns 140 km) já no primeiro dia… Então a melhor coisa era sossegar, descer todas as persianas, relaxar e dormir bem…

E o mapa do dia foi….

Lembrando queeeee…

Teremos um capítulo especial ao final dos posts dedicado exclusivamente a todas as informações sobre como é viajar em um motorhome 😉

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