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Depois do indescritível episódio do empréstimo do plenário para um congresso de cabeleireiros em Redenção, interior do Pará, que acabou em sacanagem (literalmente! – e com direito à bebida misteriosa e tudo…), a mais nova onda de polêmicas (fora as rotineiras e habituais, claro) que deve tomar conta do país e que sem dúvida alguma vai gerar muito debate, discussão ou até protestos é a decisão do Superior Tribunal Federal que derruba a obrigatoriedade de diplomas para jornalistas.
Há 40 anos os jornalistas precisavam do diploma para conseguir seu MTB. A justificativa do STF é que a titulação não implica no cumprimento responsável e exímio das funções por parte dos profissionais (grande novidade…), e que “não existe no exercício do jornalismo nenhum risco de decorra do desconhecimento de alguma verdade científica”. Dos nove ministros, apenas o ministro Marco Aurélio Mello foi contra a decisão, afirmando que o jornalista deveria “ter uma formação básica que viabilize a atividade profissional, que repercute na vida do cidadão em geral”.
A decisão divide gregos e troianos já que, de fato, um diploma não quer dizer que o fulano vai exercer bem suas atividades, seja lá em que profissão for. Mas a grande questão, e que no caso do jornalismo toma proporções ainda maiores, é o papel de formador de opinião que esses profissionais exercem na sociedade. Se qualquer um sair por aí escrevendo seus ideiais para fazer a cabeça do povo (e isso é o que não falta!) vai virar tudo uma grande bagunça….
Não é querer cercear o direito à liberdade de expressão ou coisa do tipo. Trata-se do mínimo de cuidado sobre em que mãos você coloca o poder da palavra (e ela é sim muito poderosa). É simples: pense em ser operado por um homem que exerce muito bem as funções de cirurgião mas que nunca teve qualquer formação técnica apropriada. É a mesma coisa. Ou um advogado que precisa te salvar da prisão perpétua mas nunca teve qualquer conhecimento sobre técnicas de abordagem do júri e argumentação legislativa. Enfim, a situação é a mesma em qualquer setor.
Ainda há muitas atividades que brigam com os “auto-didatas” no mercado porque seu ramo de não exige qualquer comprovação específica de formação (olá, publicitários amigos!). Isso até é compreensível em algumas ocasiões, visto que (repito) diploma não é sinônimo de profissional qualificado. Mas se continuar nesse ritmo, daqui a pouco pode fechar todas as faculdade por aí, porque a internet está aí pra nos servir de conhecimento e informação. E mesmo ainda existindo gente sensata que sabe que nada substitui o aprendizado prático, o que vai ter de “profissional” de meia pataca no mercado não está escrito em nenhum gibi, revista, livro, página da web, dicionário, jornal…….