Prepare-se os lencinho para rir e chorar nesta deliciosa aventura pelo universo da comunicação multisensorial. Esse deveria ser o headline do longa CODA – No Ritmo do Coração.
CODA é a sigla para Child of Deaf Adults, que é exatamente o que é Ruby Rossi é: a única pessoa com audição em uma família de pai, mãe e filho surdos. Por isso cabe à ela a missão de trabalhar como intérprete da família a vida toda, na comunidade e no trabalho de pesca que sustenta a família.
Tudo muda quando a jovem se inscreve para o coral da escola e seu talento leva o professor Bernardo Villalobos a incentiva-la para a faculdade de música. E essa dinâmica entre o dia a dia familiar até a ida para a faculdade cria mais uma montanha russa na vida de Ruby e uma avalanche emocional para o espectador.
A sensibilidade em deixar a edição do longa literalmente no mudo nos momentos familiares e durante a apresentação do concerto da jovem cria a empatia que muitas pessoas não conseguem ter com deficientes auditivos. Essa prática, por sinal, lembrou a edição magistral do vencedor do Oscar, The Sound of Metal – O Som do Silêncio, que retrata um baterista de rock em processo de perder totalmente sua audição.
E a questão multisensorial aqui vai além da audição e visão…. Como a família trabalha com pesca, mesmo a questão do olfato de torna claramente presente (e vale a melhor piada de todas sobre peidos kkkkk).
Claro que como todo filme good feeling haverá alguns apelos emocionais, mas nada que desmereça uma história que poderia ser de qualquer pessoa próxima de nós.
Emília Jones, nossa Ruby, bota o vozeirão pra jogo e entrega o seu melhor. Com a clássica Both Sides Now, de Joan Mitchell, que em Simplesmente Amor deve ter feito você querer chorar ao lado de Karen (Emma Thompson), aqui ela é capaz de aquecer seu coração como o seu abraço mais especial e mostra que mesmo com todas as línguas e traduções do mundo, o amor sempre será uma comunicação universal.
Apenas veja. Precisamos de doses tocantes em nossas vidas nesse mundo tão líquido, vazio e confuso.
Ah, a trilha sonora também é de primeira!
E veja também este vídeo aqui da Mandy Harvey no X-Factor que eu nunca me canso de ver…. Pois como afirma Simon, pra algumas coisas não é preciso qualquer tradução (e enquanto isso você tá aí reclamando de coisas tão pequenas…).