Após 30 anos, a saga mais famosa do cinema, “STAR WARS”, no ano de 2005 chegou ao fim. Iniciada em 1977, a jornada de George Lucas não marcou apenas a história do cinema, mas também a vida de muitas gerações que acompanharam a trajetória da mais polêmica luta entre o bem e o mal.
“STAR WARS” conta como um herói se transformou no mais temido vilão cinematográfico, Darth Vader, que perde apenas para George Bush – o vilão do documentário de Michael Moore, “Fahrenheit 11 de Setembro”.
Foram seis filmes; milhares de dólares; incontáveis fãs desesperados; muito capital investido e o dobro dele conquistado com produtos, merchandising e propaganda; muita polêmica; inovações históricas no ramo da tecnologia e efeitos digitais; uma infinidade de curiosidades; e uma história que entrou para a “História” da Humanidade como um referencial a ser lembrado por muitas gerações passadas e futuras.
Porém, “STAR WARS” é bem mais que uma famosa ficção científica. É um retrato de muitas gerações que viveram e ainda vivem a constante reviravolta que faz parte da sociedade no mundo real. E é aí que está a maior importância da saga: seu papel social, que se encontra impresso em um filme assistido por tantas pessoas ao redor do planeta, constituindo um verdadeiro fenômeno cultural contemporâneo.
Através do entretenimento, George Lucas encontrou maneiras surpreendentes e espetaculares de criar analogias sobre política, democracia, república, intrigas, lutas intermináveis pelo poder, miséria, contrastes sociais, a luta entre o bem e o mal, relações pais e filhos, enfim, uma interminável rede de temas que poderiam levar a vida toda sendo analisados. Só para exemplificar, podemos citar a própria transformação de Anakin Skywalker em Darth Vader, que faz uma reflexão sobre como traumas e revoltas do passado esculpiram seu caráter e o tornaram fraco, rendendo-o ao lado negro da força. Este tema também se faz presente na realidade quando analisamos a vida de muitos criminosos que se tornaram assim, muitas vezes, por causa de seu passado, enquanto outros muitos foram fortes e lutaram, não se rendendo à comodidade da vida criminosa, e batalharam muito para sobreviver na “selva de pedras”, exatamente como ocorre com diversos personagens do filme, como o jovem Luke Skywalker, filho de Anakin. E, aproveitando a deixa, podemos citar a relação pais e filhos, representada aqui pelo dramático combate entre Darth Vader / Anakin Skywalker e seus filhos Luke e Léia, que precisam fazer uma escolha definitiva pelo bem da nação, mesmo que essa decisão represente a renúncia ao pai seduzido e dominado pelo mal.
Ainda no contexto social, o filme apresenta a República Democrática sendo constantemente ameaçada por aqueles que almejam o poder supremo, coisa que vemos freqüentemente em nosso cotidiano político mundial. Vale a pena destacar que, considerando-se a época conturbada e cheia de transformações na qual o filme foi criado, George Lucas foi muito feliz ao construir tal cenário com tanta destreza e habilidade, retratando o sonho de tantas gerações.
A saga aborda também as conquistas científicas e os avanços tecnológicos tão desejados pelo homem através dos tempos. Esse ideal futurístico vem representado no filme pelas grandes inovações intergalácticas, naves espaciais e seres inimagináveis que, por um momento, parecem se tornar realidade bem diante de nossos olhos, mas pontuando também que, com todo avanço vem um lado bom e outro ruim. No mesmo contexto vemos também o fim do mistério sobre vida alienígena através da união de povos tão diferentes, uma união que atravessa planetas e galáxias, idealizando o fim dos conflitos raciais.
Porém, os contrastes sociais também se fazem presentes, mostrando que nem todas as conquistas e avanços do homem puderam varrer a sujeira social da humanidade. Enquanto a população escrava vive em meio à miséria do deserto, do outro lado os privilegiados das grandes cidades interplanetárias vivem cercados por poder e grandeza. E o mesmo ocorre com o bem e o mal, que são personificados por diferentes personagens, dentre os quais os jedi estão do lado do bem, e os políticos e imperadores corruptos estão ao lado do mal, existindo ainda as personalidades duplas e duvidosas, bem como grandes revelações bombásticas, das quais a realidade também está repleta.
E assim, muitas são as metáforas utilizadas pelo habilidoso diretor para recriar um quadro tão perfeito e realista do mundo em que vivemos, ao mesmo tempo em que proporciona uma incrível viagem à um mundo de magia e sonhos. E a prova de seu sucesso está no fato de que a história – seja nos anos 70, nos dias atuais, ou no futuro que virá – parece sempre representar o presente em que a sociedade vive, pois faz um relato dos problemas permanentes que assombram a humanidade. Ainda assim, há também quem odeie a saga…
Mas, amado ou odiado, querendo ou não, para o bem ou para o mal, “STAR WARS” marcou e revolucionou o mundo do cinema e o da realidade, e certamente jamais será esquecido, acompanhado de todas as suas contradições e polêmicas. O fim da saga pode representar alegria, alívio ou tristeza, mas este é apenas o começo de um legado que para sempre estará presente.
“Que a força esteja com você!”…