Contrariando a prática de satirizar longas de sucesso do cinema, a 4ª e última aventura de Shrek é uma sátira de si mesmo…
Em “Shrek Forever After” o ogro favorito de Tão Tão Distante enfrenta a realidade em ter deixado de ser o temido monstro do pântano para tornar-se um pai de família, marido de Fiona e a atração turística da cidade…. E o desejo de ter a antiga vida de volta desencadeia uma grande confusão…
Se a princípio conquistar Fiona e ter três belos ogrinhos parecia o ideal de um mundo perfeito para Shrek, a rotina trouxe o lado perverso da vida em família ao ogro, que representou na cena o sentimento de muuuito homem casado mundo afora…. É então que no aniversário de seus filhos ele surta e no caminho para casa acaba vítima de Rumplestiltskin, um trambiqueiro de araque especialista em pactos mágicos. Sua lábia e o desespero de Shrek fazem o ogro cometer o grande erro de trocar um dia de sua infância por um dia como antigamente, quando ainda era temido por todos, sozinho e independente. Mas é claro que o pacto sujo de Rumple não explicou à Shrek que nem tudo seriam flores…
Após se maravilhar com o retorno à antiga vida, Shrek descobre que nem existia, que Fionanão foi salva da torre, que seus pais foram exterminados tentando salvá-la em uma acordo com Rumple, e que agora a princesa era a líder da resistência dos ogros na tentativa de derrubar o reinado maléfico de Rumple, que povoou o reino de bruxas (detalhe para a rave no castelo). E sim, ogros. No plural. Há muitos deles!
Além de ter que reconquistar Fiona para conseguir o verdadeiro beijo do amor, que o livrará do pacto com Rumple, Shrek ainda terá que reconquistar também a confiança do Burro e do Gato de Botas, que sequer sabem quem é Shrek, já que quando roubou um dia de sua infância, Rumple pegou exatamento o nascimento de Shrek…
A partir daí rola a aventura, o Pífaro encantado como caçador de recompensas, um cozinheiro de tapioca entre os ogros rebelados, e as costumeiras piadas (das quais os melhores momentos, como sempre, são graças ao Burro e ao Gato de Botas, numa versão latina de Garfield… rs).
Ou seja, a idéia era mostrar o que vem depois do “Felizes Para Sempre” e que nenhum filme mostra…..
Se em todas as outras sequencias a base do filme era satirizar longas de sucesso, dessa vez Shrek tornou-se uma sátira de si mesmo. E, ironicamente, acabou ganhando o tom do próprio filme: Shrek realmente não é mais omesmo de antes, com aquele humor ácido e a grosseria habitual. Não que isso seja um ponto contra, mas não foram essas as características que o consagraram e tornaram favorito? Sua irreverência? Então o público acaba sentindo falta disso no enredo. Qurendo ou não, ele parece mesmo o paspalhão que tanto abominava ter se tornado.
E para ficar ainda mais próximo da realidade, o fato de representar a rotina de muitos casais de carne e osso fica ainda mais evidente quando ele precisa viver uma situação adversa para perceber que sua vida é muito melhor do que imagina. É a moral da história do filme. O problema é que no mundo real as pessoas não podem fazer pactos mágicos e ir para outro mundo para perceber que estão cometendo um engano e fazero possível para voltar atrás de corrigí-lo. No mundo real a maioria acaba se acomodando à uma rotina sem graça e esquece de temperar cada novo dia reconhecendo as coisa boas que conquistou. Claro que há exceções, mas a massa ainda é maioria vencida….
Como um passatempo e entretenimento, ou simplesmente para acompanhar a sequencia que ninguém quer perder, o filme cumpre seu papel. Mas nada como o nº 1 (que com a voz do Bussunda ganha ainda mais pontos – não porque ele duble bem, mas porque imediatamente ligamos nossa menta à imagem hilária do comediante)……