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Ozark: prepare-se para muitas emoções na melhor temporada da série!

Ozark: prepare-se para muitas emoções na melhor temporada da série!

Boquiaberta. Foi assim que terminei a terceira temporada de Ozark. A saga dos Byrdes como parte do cartel mexicano fica melhor a cada dia.

Com dois episódios finais de tirar o fôlego, a última etapa conseguiu manter ou até mesmo elevar o nível das anteriores.

SPOILERS

Primeiro, os fatos. Uma família envolvida completamente com lavagem de dinheiro para a máfia mexicana poderia ser uma premissa comum. Mas em Ozark esse contexto ganha um refinamento que supera qualquer filme da máfia.

O Marty Byrde que vemos nesta temporada deixou pra trás totalmente o Marty do começo. Ele agora é frio e calculista e não nega mais seus impulsos incontroláveis de não querer sair do rolo. Ao contrário, quanto mais ele ensaia uma saída, mais ele mete o pé fundo na encrenca.

Wendy, por sua vez, abandonou a postura de traidora passiva para assumir a frente. E boa parte da encrenca e também do avanço dos Byrdes coma máfia nesta temporada são obras da matriarca.

Mas acima de qualquer comparação, é dela o grande momento dessa etapa. A chegada de seu irmão Ben veio pra causar uma reviravolta e culminar com o momento mais emocionante da série até hoje.

Ben desperta amor e ódio no espectador. Bipolar, ele é uma metáfora ambulante: em sua loucura é o mais lúcido da trama, mas a normalidade nunca é algo bem aceito em Ozark Lakes (e, por que não dizer, na vida real). E é justamente em seu poço de lucidez que Wendy precisa fazer o seu maior sacrifício.

Qualquer um que tenha irmãos provavelmente sofreu e compadeceu com a dor da protagonista ao entregar seu irmão sem salvação para a morte. Era ele ou toda a família. E que cena!!! Laura Linney se superou na sequência. E o espectador quase morreu junto com a lúcida maluquice de Ben, personagem que entrou e saiu de forma marcante na série. A cena dele no táxi, aliás, no auge da insanidade, é impecável. Que ator.

Mas é inacreditável como sofremos com Wendy a cada alto e baixo durante a fuga, e essa sequência é tão bem costurada que fica impossível não ter empatia pela decisão dela em entregar o irmão (como pode isso??). Você pensa “não creio que ela terá coragem” ao mesmo tempo em que conclui que não há outro caminho…. De tirar o fôlego.

Ainda neste contexto, Helen se superou como a megera inescrupulosa e sem limites. Mas mexer com a família de alguém poderoso é perigoso demais. Contudo, o sacrifício de Wendy foi maior que a ousadia de Helen. E que termino de temporada!!!! Levei uns dez segundos ou mais pra conseguir voltar meu queixo pro lugar.

Aliás, tensão é o que não falta a cada episódio! Dá pra sentir até o corpo retraído e uma pressão no maxilar conforme você segue adiante… E não diminui, a tensão só aumenta. Nem durante o alento do luto por Ben a carga diminui.

É um choque atrás do outro…. O Wyatt com a doida da Sneel. A policial na balança da corrupção, os capangas de Frank Jr mortos pelo inimigo de Navarro e até mesmo as bolas do coitado do cavalo. Não tem nem meia hora inteira de sossego se você  contas todos os episódios. O único consolo é a vodka da Wendy.

Mas apesar de sua personagem ter se superado em todos os sentidos nesta fase, o prêmio de fodona sempre será de Ruth, provavelmente a melhor e mais sólida personagem da série. Ruth nasceu pra se foder. O pai a maltratava, ela matou os tios, ganhou a rejeição do sobrinho, apanhou, foi presa, o mais próximo que conheceu de um na família foi com os malucos dos Byrdes, que mesmo nutrindo um amor estranho por ela a usam como qualquer um, dirige um cassino e mantém a casa em ordem, dribla o FBI, quase morre, apanhou pra cacete de um babaca e foi parar no hospital e não teve sua vingança ou apoio para tal, se apaixonou pelo cara errado, soltou o cara e o condenou à morte, ficou sem ele e agora ainda virou comparsa da Snell (que teve como único mérito e a única coisa boa do histórico atirar no pinto pequeno do Frank Jr). Ufa! Não é de admirar que ela esteja cansada. Julia Garner é uma atriz impecável que, com as feições duras de Ruth, nos faz gostar dela até no auge da sua insensibilidade, quando tudo que ela sempre quis foi apenas ser amada. Uma saga que, agora, segue floreada por papoulas…

Com aquela cena final matadora (literalmente), os Byrdes agora são o braço direito de Navarro e tem muito pra acontecer na próxima temporada. Mas a pergunta que fica é: o que vai acontecer com Jonah, mais perturbado do que nunca ao saber que sua mãe é responsável pela morte do próprio irmão (seu tio)?… E Maya, será convertida para o clã? O que o policial vai fazer com a declaração que Helen plantou?

Jason Bateman é foda. Na alcunha de diretor, além de protagonista, ele imprime um peso sem tamanho ao drama. Transforma a máfia e os lavadores de dinheiro em odiosos que amamos.

O sangue, como sempre, jorrou solto. Morre, no mínimo, um personagem por episódio, fora aqueles em que há destruição em massa.

Acabei a temporada as três da manhã, sem um pingo de sono, carente e sofrendo por mais episódios e tentando me consolar com esse texto enquanto não sabemos o que vai acontecer com os Byrdes agora.

Puta série. Puta elenco. Puta história.

De longe a melhor série produzida pela Netflix até hoje e, pra mim, lado a lado com Bloodline, que foi o motivo de eu ter assinado o streaming.

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