Romance, ousadia, ação e aventura. A receita perfeita que veio para encerrar com chave de ouro o sucesso da trilogia Piratas do Caribe.
Após encarar piratas amaldiçoados em “Piratas do Caribe: A Maldição do Pérola Negra” e enfrentar a ira de Davy Jones no segundo “Piratas do Caribe: O Baú da Morte“, em “Piratas do Caribe: No Fim do Mundo” Jack Sparrow é resgatado da morte por nossos aventureiros, com reforço dos Capitães Barbossa e Sao Feng, para juntar-se aos Nove Lordes da Corte da Irmandade e derrotar o lorde Beckett, que em nome da Companhia das Índias Orientais detém o comando do Flying Dutchman e vaga com os poderes de Davy Jones pelos sete mares com o intuito de exterminar todos os piratas.
Repleto de efeitos especiais impecáveis e piadas inconfundíveis, a trama faz jus a continuidade da obra sem perder o ritmo das anteriores (mal sofrido por muitas trilogias no decorrer de seu desenvolvimento). Cada acontecimento relacionado à história tem uma explicação, mesmo quando contextualizado em meio aos confusos pensamentos de Sparrow, que por muitas vezes deixam o próprio interlocutor confuso até que se chegue finalmente à uma conclusão (Isso sim me pareceu confuso!).
A aventura começa com o enforcamento coletivo de todos aqueles que estejam de alguma forma envolvidos com atos piratas, e quando o “canto” é iniciado pela boca de pequeno garoto segurando uma moeda de prata: a Corte da Irmandade é convocada. Então, Barbossa e sua tripulação vão ao encontro do Capitão Sao Feng para pedir que ele lhe ajude a resgatar Jack Sparrow das profundezas em que Jones o deixou e reunir os Nove Lordes para derrotar Beckett. A partir daí, uma série de tramas paralelas vai se desenrolando para culminar numa batalha épica em alto mar. Will tenta se reaproximar de Elizabeth, mas fica cada vez mais distante dela por tentar salvar seu pai de sua condenação no Flying Dutchman. Swan, por sua vez, sofre com suas próprias culpas por ter traído Jack e tê-lo condenado à morte pelo Kraken. O almirante James Norrington finalmente compreende o lado mais sensato e toma uma atitude que o redime de todos os seus erros. E Barbossa manipula a situação para reaver o Pérola Negra sob seu comando, pedindo ajuda à tia Dalma, em quem se encontra a grande surpresa da trama: ela é o grande amor de Davy Jones, a Deusa Calypso, que foi aprisionada em forma humana pela 1ª Corte da Irmandade, sendo libertada pela 4ª Corte (com a desobediência de Barbossa após Swan se tornar “Rei” da Irmandade e decidir por luta). No final, a vitória é proferida de forma trágica, mas digna para o encerramento da trilogia.
Apesar de tantos “vai e vens” no enredo, ele compõe uma sinfonia perfeita, amarrando os três filmes sem deixar peças soltas, mesmo para os cinéfilos mais exigentes. Alguns personagens poderiam ter sido ainda mais abordados para destacar sua relevância, mas ao longo de 2 horas e 45 minutos de filme, Gora Verbinski realiza um trabalho suficientemente primoroso.
Os momentos risadas não ficam de fora dessa classificação. Um exemplo disso é a sequência em que vários Jack’s interagem quando o pirata cheio de trejeitos está aprisionada nos confins em que foi deixado pro Jones, fazendo valer a pena só pelo fato de podermos admirar suas caras e bocas multiplicadas na tela. Ou ainda a transformação dos nossos conhecidos dois guardas muito atrapalhados da Companhia das Índias, os mesmos que no primeiro longa deixam Jack escapar e repetem o feito neste último quando Sparrow sequestra o baú com o coração de Jones, que ao final da batalha se rendem aos encantos da piratara e passam a formar um quarteto hilário com Olho de Vidro e seu companheiro inseparável.
Os efeitos especiais são o acabamento da obra. A cena de batalha dentro de um gigantesco redemoinho que se forma no mar enquanto os tripulantes dos navios duelam é impressionante, alcançando seu auge no épico tintilhar de espadas entre Sparrow e Jones, que definitivamente foi construída para marcar a história das cenas de ação no cinema.
O grande segredo do sucesso está na composição da identidade de cada uma das personagens. Os autores buscaram criar heróis reais, com qualidades e defeitos, sem jamais estabelecer um limiar específico entre o certo e o errado. É por essas e outras que Jack Sparrow se tornou um dos anti-heróis mais adorados de hollywood.
Cinco anos após estrear no universo cinematográfico, a trilogia não apenas conquistou uma legião de fãs como projetou grandes profissionais no meio hollywoodiano. Mais uma vez, Johnny Depp demonstra todo seu talento ao interpretar Jack Sparrow, apoiado por jovens promissores que cresceram em sua carreira graças ao sucesso dos longas – Orlando Bloom, Kiera Knightley – e por atores experientes que vieram para reforçar o elenco de peso – Chow Yun-Fat, Geoffrey Rush, e até uma participação especial de Keith Richards (apesar de breve por uma série de motivos já imaginados por quem conhece sua “fama”), no qual Depp afirma ter se inspirado para compor o visual e estilo de Sparrow.
Assim como boa parte da mídia já anda divulgando, Depp não descarta a possibilidade de continuar vivendo as aventuras do Capitão Jack Sparrow, assim como afirma que é uma das pesonagens mais deliciosas de sua carreira. Kiera e Orlando também não descartam a hipótese, mas disseram precisar de um longo período de férias para descansar das extensivas gravações. O público, certamente, não iria se queixar, desde que essa continuidade não implicasse na decadência do arrasa-quarteirão.
Piratas do Caribe tornou-se muito mais que uma aventura-pipoca para as tardes de domingo. Ele permite que o teslespectador saia de seu plano real, funcionando como um alívio ao cotidiano massivo do mundo moderno e misturando os ingredientes no ponto certo, sem jamais desonrar os esteriótipos das histórias piratas, mas pelo contrário, tonando-se uma das sequências mais bem sucedidas do ramo, quase uma lenda.
Pois que venham outras aventuras. Para aqueles que se tornaram fãs, o Fim do Mundo é apenas o começo….