Makus Zusak entrou definitivamente para minha galeria de escritores prediletos, logo ali, bem ao lado de Dennis Lehane e Nora Roberts, depois de Emily Brontë e seu “O Morro dos Ventos Uivantes”.
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Autor do de best seller que virou fenômeno mundial, “A Menina Que Roubava Livros”, e “O Mensageiro”, além de outras 5 obras que ainda não obtiveram um reconhecimento literário tão expressivo quanto as citadas, o grande trunfo de Zusak está na forma encontrada para conversar com o leitor. Ele é um daqueles escritores que têm o dom de prender sua atenção e te deixar em crise para não parar de ler a história enquanto o livro não acabar.
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E foi exatamente assim que aconteceu quando li as duas obras. As duas foram presentes (não poderiam ter sido supresa melhor!), e foram igualmente devoradas assim que chegaram.
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“A Menina Que Roubava Livros” dá seu tom na contracapa do livro: “quando a Morte conta uma história, você deve parar para ler”. É isso mesmo. A história da pequena Liesel Meminger é contada pela Morte. A trama se passa em plena Alemanha nazista, 2ª Guerra Mundial, e começa com a trágica viagem da garota de 10 anos a caminho de Munique, onde será entregue pela mãe à uma família adotiva e durante a qual testemunha a morte do irmão e rouba seu primeiro livro. Em Munique, Liesel passa a viver com Hans e Rosa Hubermann, que com todos as suas estranhezas formam um lar de grande valor para a pequena orfã. Liesel então vive uma série de aventuras, seja ajudando sua mãe com os serviços de lavadeira e passadeira de roupas, ouvindo a música do pai, aprontando estrupulias pela rua com seu amigo Rudy ou fazendo aquilo que mais gosta: roubando livros. É assim que a menina se torna a amiga secreta da esposa do prefeito e passa a visitar frequentemente a biblioteca de sua casa. E é também um livro que ligará para sempre a história de Liesel e Max Vanderburgh, filho de um amigo de guerra de Hans, judeu, que quando a perseguição nazista se instala, fica escondido no porão dos Hubermann por um longo período, até que os bombardeios começam a atacar a cidade. Com os bombardeios, toda vizinhança começa a se proteger nos abrigos, e Liesel passa a ser a contadora de histórias para dissipar o terror vivido nso abrigos.
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Mas tudo isso é contado de forma incólume pela Morte, que tem uma enorme adminiração por Liesel e todos os seus feitos durante a vida, tendo escapado da Ceifadora em três ocasiões, de forma que passa a se identificar com a história da pequena menina roubadora de livros. E como a Morte, teóricamente, não tem sentimentos, nossa narradora especial transmite suas emoções e sentimentos descrevendo as cores do céu.
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Não sou exatamente o tipo de pessoa que gosta de ler romances sobre o nazismo, até porque, normalmente esse tipo de história costuma ter uma narrativa pesada e por vezes arrastada (exatamente como o nazismo), então precisa ser algo realmente muito bom para me interessar. Mas “A Menina Que Roubava Livros” é adorável, não há como não se identificar com Liesel. A todo tempo você quer logo saber o que vai acontecer com a menina, ou queria poder carregá-la no colo a cada momento difícil. É emocionante, uma história tocante e que nos faz pensar sobre muitas coisas que vivenciamos todos os dias e muitas vezes passam por nós desapercebidas. Zusak consegue ser poético, inteligente, sarcástico e sensível, tudo ao mesmo tempo, sem se desdobrar ao melodrama ou cair na mesmice.
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E é seguindo essa diretriz que Zusak se sai igualmente bem em “Eu Sou o Mensageiro”. A diferença é que aqui a história não é contada pela morte, mas pelo próprio protagonista, com todos os seus trejeitos, pensamentos e liguagem própria.
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E quem é o mensageiro? Ed Kennedy. 19 anos, taxista, um fracassado, conforme ele mesmo se descreve. Não, não é um livro sobre adolescente em crise. É um livro sobre nossos propósitos de vida, que abre uma grande janela para reflexão daqueles que se mostram predispostos a tal.
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Ele vive com Porteiro, seu cachorro fedorento, é apaixonado por Audrey, a melhor amiga que não quer se envolver com ninguém, tem como amigos Ritchie e Marv, um mais doidinho que o outro, e é o filho rejeitado pela mãe, que vê nele a imagem do pai alcólatra falecido.
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Em sua vidinha pacata e insignificante, Ed vai de um zé ninguém para herói depois de impedir um assalto à banco. E é a partir desse dia que passa a recerber cartas anônimas de baralhos, mais especificamente os “As”, com mensagens simples e sem muitas explicações, para as quais precisa descobrir qual a missão reservada a cada uma delas. Através dos quatro naipes, Ed ajuda 12 pessoas diferentes, mas é só com o Coringa que ele finalmente compreende que a mensagem final e todas as anteriores tinham apenas um propósito: o próprio Ed – agora descrito como um ex-fracassado e santo para muitos dos que ajudou através das mensagens.
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Eu esperava um pouco mais do final (em termos de revelação do anônimo que enviava as cartas), mas nada que diminua o significado do restante da obra. Sensível, tocante e realista. Uma história daquelas que poderia acontecer com o seu vizinho, aquele seu primo zé ruela ou o cara estranho que mora na rua debaixo da sua casa.
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Assim é Zusak. Simples e direto, com o dom de transferir ações em palavras que são carregadas como que por uma leve e suave brisa na meia estação, quase que dançantes.
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Alguns o chamam de excêntrico. Outros de gênio. E outros ainda de inovador.
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Eu diria que Markus Zusak é um cara que conseguiu descobrir o real efeito da palavra “diferencial”. Ele encontrou o seu próprio diferencial. E para mim isso já é o suficiente. Tem lugar garantido na minha prateleira.
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Eu recomendo!
Ah! Uma semelhança curiosa entre os protagonistas das duas obras citadas: tanto Liesel quanto Ed são apaixonados por livros e têm com eles uma profunda relação que direciona muitos momentos de sua vida….