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Lolita


E já que a leva do momento são livros e filmes…

“Lolita” conta a história de um professor de meia idade que se apaixona por uma menina de doze anos e faz de tudo para ficar com ela, desde casar-se com sua mãe para se aproximar dela, até matar seu outro amante; crime pelo qual cumpre pena e, enquanto aguarda seu julgamento, escreve um livro contando a sua história.

Polêmico, mas em momento algum vulgar ou obsceno”. É assim que podemos classificar “Lolita”. Polêmico porque trata de assuntos que, mesmo na atual sociedade liberal em que vivemos, ainda podem causar espanto ou surpresa, e até chocar muitas pessoas.

“Humbert Humbert” é o professor de meia idade que se apaixona por “Lolita”, uma “ninfeta” que inicialmente corresponde ao sentimento de Humbert. As personagens, então, vivem uma espécie de “situação limite”, envolvendo pedofilia, sentimentos possessivos, adolescência precoce, mortes e uma infinidade de emoções que vão se desenrolando com o contexto da história. Humbert, ao mesmo tempo em que não consegue controlar sua ações, tem consciência dos males que ela causam à Lolita, e sente-se culpado por isso; mas ao perder sua amada, parte em uma busca desenfreada, acabando por matar o amante da menina; e é apenas então que ele se dá conta de que o que sentia por Lolita não era apenas uma paixão avassaladora, mas um amor profundo: ele sentia falta de sua presença, de sua voz; a amava verdadeiramente. Lolita, por sua vez, é a adolescente precoce que encontra em Humbert uma aventura, e só com o tempo percebe o que realmente sentia: ela perdeu sua adolescência, a mãe, e agora vivia em um mundo no qual se sentia nula; aos dezesseis anos, casada e grávida, se vê obrigada a pedir ajuda financeira ao padrasto (Humbert), que lhe ajuda e lhe propõe uma nova vida a seu lado, mas ela nega, preferindo a vida ao lado do marido que era bom para com ela.

Vladimir Nabokov aborda com seriedade todos os temas, explorando cada detalhe e cada emoção vivida pelas personagens, de modo a transportar o leitor para a atmosfera do contexto, fazendo com que ele vivencie cada situação. Ele constrói uma história intrigante e surpreendente, abrindo margem para diversas reflexões sobre os temas tratados e as relações humanas.

Muitos consideram “Lolita” uma obra obscena e pornográfica, mas esta é uma idéia precipitada e errada sobre o livro. Em momento algum o autor utiliza palavras vulgares, características de obras pornográficas. Ao contrário, ele trabalha com uma linguagem extremamente discreta e elegante, porém clara e objetiva, contribuindo para prender o interesse do leitor à narrativa. Da mesma forma, o fato de abordar temas polêmicos não torna a obra obscena, mas abre nossas mentes para novos horizontes, fazendo com que vejamos os temas por vários ângulos, de novas maneiras.

Um livro para ser lido com olhos críticos, “Lolita” vai muito além de simplesmente tinta, papel e um pouco de entretenimento. É uma obra que mexe com o leitor, que o faz querer refletir sobre o mundo à sua volta e sobre os seus próprios sentimentos. É uma obra de grande valor social, demonstrando situações que ocorrem freqüentemente, e que apenas não nos damos conta. Enfim, é uma verdadeira obra-prima, que deve ser muito valorizada não apenas por sua linguagem e conteúdo narrativo, mas pelo conteúdo reflexivo que carrega.

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