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Funny Face – Cinderela em Paris

Funny Face – Cinderela em Paris

E o clássico dessa semana foi Funny Face – Cinderela em Paris, uma referência tão citada e presente em diversos filmes da atualidade.

A história da Cinderela em Paris nos apresenta uma Audrey Hepburn ainda antes da fama que Bonequinha de Luxo lhe concedeu, mas já graciosa e belíssima, como viria a ser mundialmente reconhecida.

Pra nós, nascidos nos anos 80, qualquer coisa da década de 60 pra trás pode ter um ritmo e uma cadência muito diferente do que estamos habituados. Mesmo Grease era um filme em fast foward se comparado aos musicais das antigas gerações.

Então o primeiro aviso aqui é: mente aberta. Como em um típico clássico antigo, ritmo e cadência são diferentes, os planos e enquadramentos são abertos quase o tempo todo e o jogo de edição não tem a mesma agilidade e perspicácia que musicais modernos como “O Rei do Show” ou “Les Miserables”. A tecnologia era outra. E isso faz parte do ciclo natural de evolução do cinema, assim como pra molecada nascida nos anos 2000 talvez os filmes de 1980 sejam considerados algo de quando efeitos especiais não existiam (mas nós sabemos o quão perfeito o boneco de Spielberg foi na época!!).

Enfim, ambientação histórica à parte, se tem algo que permanece atual até hoje no longa é sua temática. De forma quase rude (e que hoje seria proibitiva com a onda de bullying e processos) modelos são apresentadas como seres sem cérebro, enquanto a bibliotecária se torna a menina dos olhos (seria um fetiche através dos tempos?) que vem para mudar a cara da revista Quality (nome sugestivo, hein).

E aqui cabe um parêntese. Se você viu “O Diabo Veste Prada”, é imediato associar a realidade de Quality com a revista Runway, comandada por uma Miranda Priestly tão ou mais temida que Maggie Prescott. Ela, aliás, é responsável por alguns dos números mais empolgantes e agitados do musical e os conduz muitíssimo bem.

Como contraponto de Hepburn temos ele… Mr. Fred Astaire. E é preciso admitir que o cara não ganhou respeito e notoriedade à toa. Astaire flui tão naturalmente em tela cantando, dançando, sapateando ou apenas desfilando seu charme que é impossível não cair em seu encanto. E veja, eu disse encanto. Astaire passa longe de ser bonito (como Hepburn, que hipnotiza com charme e beleza), mas charme não lhe falta.. . Um ator impecável que marcou um era. É dele a missão de ser o fotógrafo que descobre uma nova cara para a revista e um novo amor pra sua própria existência.

E por trás desse enredo, temos Paris como uma personagem também tão relevante quanto os três citados até aqui. A cidade do amor, que tem versões para os mais variados perfis, é também uma ousada abertura para a presença da mulher na cena boêmia sem o apelo vulgar. Jo (Hepburn) circula entre filósofos e pensadores, dança e conversa sem que isso seja símbolo de uma marca exclusivamente masculina, algo incomum para a época e que mostra porque as vielas (não apenas de Paris, mas do mundo) sempre foram considerados lares de rebeldes…. Porque desafiar o tradicionalismo e o machismo era, mais do que nunca, um ato da mais pura rebeldia.

Por fim temos a transformação de Jo de menina dos livros em pássaro do paraíso, o desencontro dos amantes, o choque de realidade quando Jô encontra seu ídolo filósofo e o final feliz. Não é um longa pra esperar fortes emoções, mas é divertido e leve como a vida deveria ser algumas vezes para nos aliviar de tantas pressões.

Para quem já tentou ver Bonequinha de Luxo três vezes e dormiu em todas (por isso o filme segue na lista de pendências), esse foi leve e fácil como uma tarde de domingo gostosa embalada por uma chuva de verão.

Medo mesmo eu tenho quando chegarem as famosas 3h de “E o Vento levou”…. Mas a curiosidade me persegue e logo resolvemos isso também…

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