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E desfez-se a lenda….

16861Finalmente assisti ao tão falado “Contatos Imediatos de Terceiro Grau”, clássico de Steven Spielberg, considerado como uma de suas obras mais pessoais e seu segundo sucesso de bilheteria depois de “Tubarão”.

Talvez se eu tivesse assistido à época do lançamento tivesse achado melhor. Mas o longa tem seus méritos.. E vários, considerando-se o fato de ter sido lançado em 1977…

“Contatos” conta a história do operário de cabos de rede Roy Neary, que juntamente com outras pessoas, experi menta um contato imediato de terceiro grau e testemunha a presença de extra-terrestres no céu. Após o evento, uma inexplicável visão passa a ser seu objeto de obsessão, que o levará ao lugar onde finalmente encontrará os seres de outro planeta. Ao mesmo tempo, misteriosamente navegações a aviões desaparecidos há anos reaparecem nos mais inusitados lugares ao redor do mundo, dando mostras das manifestações aliens…

Que o cinema adora fazer um barulho com a vida alienígena, isso não é novidade alguma. Será que os aliens também fazem filmes sobre nós no planeta deles? Sim, porque em nossos filmes, nós somos sempre vítimas de suas invasões, mas ninguém ainda parou pra pensar que podemos estar invadindo a Lua de alguém ou o Planeta Marte de uma nação…..

Enfim, deixemos as reflexões ufologistas para outro post.

O grande trunfo de Spielberg foi, como sempre, o incrível tom de leveza e emoção que o cineasta conseguiu dar à obra. Afinal, é nisso que ele sempre foi mestre, certo? E a figura chave para canalizar seus artifício é Neary, que abre mão de sua vida e de sua família por uma perspectiva totalmente fora dos padrões, até então, humanos. É assim que ele surta, enlouquece a família, os abandona e vai embora com os baixinhos de olhos profundos para sabe-se lá que galáxia. O auge de sua obsessão fica claro quando ele constrói o Pico do Diabo (Monte Wyoming) em plena sala, com terra, lixo, arbustos e tudo que é porcaria que possibilitassem recriar de forma mais realista o ambiente em que ele jamais havia estado antes, mas que conhecia melhor que ninguém. Para mim, Ronnie, a mulher de Roy, foi até paciente demais com ele….

Jillian Guiler é mais uma das ‘escolhidas’ pela tal visão. Mas compõe os detalhes através da pintura, não tão realista quanto a tática de Roy. O caso dela foi um pouco mais delicado: Jillian tem o filho (a coisa mais fofa do mundo, contatos1Barry) abduzido pelos aliens, e é taxada como louca quando diz que ‘uma nuvem levou seu filho’. Aliás, essa é uma das melhores cenas, senão a melhor, do longa, com todo climax e a expectativa do que vai acontecer a Barry, de se os aliens iriam aparecer naquele momento ou não…. A mistura perfeita de Poltergeist e Guerra dos Mundos.

Por fim, o terceiro pilar que compõe o trio perfeito de “Contatos” é François Truffaut, na pele de Claude Lacombe, como o típico cientista sonhador e idealista que consegue fazer todo mundo se render aos seus ideias, por mais loucos que eles possam parecer. E ele consegue mesmo ser encantador.

A história em si não foge aos padrões do que podemos esperar de uma ficção científica sobre a vida fora do planeta Terra. O negócio é você transportar essa idéia para os anos 70, bem no auge da evolução tecnológica. Aí sim você term um longa acima dos padrões, com efeitos especiais perfeitos para o contexto (e que permanecem perfeitos até hoje, se você olhar despido da exigência habitual de quem já conta com a tecnologia 3D no dia-a-dia). Criatividade e inovação conduziram o visual do filme.

E ele é todo Spilbergiano…. Das críticas (ao govern o e as operações militares que fazem as mais inesperadas manobras para ‘conter o caos e a histeria’ ou manter o ‘sigilo da missão’ – o que continua igualzinho até hoje em qualquer ligar do planeta!) ao pacifismo (sem confrontos, sem ameaças, sem guerras e sem medos, o encontro entre homens e aliens foi tao belo quanto duas famílias fazendo as pazes após as brigas da ceia de natal; os aliens simplesmente devolvem os abduzidos intactos e sem uma ruga ou fio de cabelo branco, confirmando a possível teoria de Einstein de quem não envelheceriam, e levam voluntários por livre e espontânea vontade para a próxima missão). A mensagem está lá, clara em cada take: precisamos aprender a viver comunitariamente e em paz, seja com que nação, ser ou galáxia for. E eu concordo com ele.

O que mais podemos dizer de “Contatos”…. Ah, sim, algumas curiosidades: entre os muitos atores e figurantes, haviam cientistas de verdade, agentes do FBI de verdade e um reverendo de verdade torre do diabo wyoming(aquele que dá a benção ao grupo antes de partirem para a missão extra-terrestre).

Mas o que eu mais gostei mesmo no filme foi da Torre do Diabo, montanha de Wyoming onde concentra-se a ‘ação’ do longa, um vulcão cilindríco de 275 metros de altura e estima-se que tenha aproximadamente 60 milhões de anos…. Se essa é a intenção ou não, aquele lugar tem mesmo um efeito meio hipnotizante… Eu gostaria de um dia poder visitar para conferir pessoalmente.

Ah! E não poderíamos deixar de comentar a tão famosa e inesquecível música!!! Afinal, não foi isso que os aliens nos ensinaram em “Contatos”, uma espécie de novo idioma tonal em notas musicais? Fantásticos, uma das melhores estratégias que poderiam ter feito. Disseram muito mais que qualquer palavra poderia ter feito, e tornaram a melodia referência histórica do cinema.

Resumindo: “Contatos” é emocional. É a bala hipodermica de Spielberg para a sociedade.

Eu gostei, foi uma experiência válida que há muito estava sendo adiada. Não atingiu as minhas expectativas. Mas também não ia adiantar muito. Para mim, quando o assunto é vida extraterrestre, pode até ter uma porção de boas obras espalhadas por aí, mas igual a “E.T.” não tem! (E dá-lhe Spielberg aí novamente….)

Agora minha curiosidade é ver – e o quanto antes! – “2010: o ano em que faremos contato”. Afinal, 2010 tá quase no meio já…. Será que o filme pode ou não ser uma profecia?……

 

Confira um trechinho de “Contatos”…

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