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“Crédito” é uma palavra um tanto tempestuosa, em todos os seus sentidos.
No lado positivo, pode deixar muita gente com sorriso no rosto, seja por crédito na conta bancária, crédito com o chefe, com a mulher, na lista de produtores de um longa vencedor do Oscar, por ser responsável por um projeto social, por sustentar a crise econômica, por gerar confiança política, enfim, uma infinidade de situações. Mas no lado negativo a dinâmica é a mesma, seja por faltar na conta corrente, por estar ausente na relação familiar, por não estar na lista de um trabalho que você fez mas o outro se deu bem, porque seu inimigo político tem e você não, e por aí vai…. A lista é enorme e gera situações de risos e lágrimas inimagináveis.
O que me fez pensar sobre isso hoje foi encontrar por aí um trabalho produzido pelo grupo dos tempos de faculdade e qual a minha surpresa ao deparar que nos créditos finais dois integrantes (inclusive “euzinha” aqui) foram, digamos, “esquecidos”… Não é por não estar nos créditos que digo isso, mas pelas implicações que essa situação gera…
A questão toma rumos maiores quando pensamos que esse tipo de coisa extrapola o âmbito dos relacionamentos entre os envolvidos para tornar-se uma vertente de ética e profissionalismo. Por mais que existam quaisquer tipos de problemas entre pessoas, como profissionais os envolvidos devem deixar o emocional de lado e realizar seu trabalho com a maior transparência e honestidade possível. Essa postura reflete o tipo de profissional que uma pessoa pretende ser.
Se um projeto foi feito em grupo, então cada um de seus colaboradores deve levar crédito por isso, e não importa se fulano não é bonito, se beltrano é corrupto ou se ciclano não fala mais com o fulano. Trabalho feito é trabalho que merece crédito. O problema é quando o ego, o orgulho e o egoísmo falam mais alto. E tá cheeeeeio de “profissionais” assim no mercado, por todos os lados. Aqueles que conseguem se manter isentos à tentação de agir como a maioria travam uma luta contra seus prórpios sentimentos para sobreviver nessa selva. Quando isso acontece com pessoas de nossa convivência e confiança então, o susto é dobrado. Mas acontece, até mesmo nas melhores famílias.
Aquele que deixa de creditar alguém por uma trabalho efetivamente realizado, com o perdão do trocadilho, acaba ficando sem crédito por sua postura (‘des’)profissioal… O mundo ainda está bem perdido, mas na hora do vamos ver, esse pessoal acaba se prejudicando seriamente quando acaba deixando a pessoa errada sem o devido crédito. Me deixar sem crédito é uma coisa, mas deixar o “filho do amigo do vizinho do diretor de produção que fez ponta em uma cena e, por coincidência, conhece o chefe do editor de créditos” de fora dos créditos pode ser um problema de conseqüências complicadas…
Vale a pena refletir sobre o tipo de profissionais que queremos ser nesse sentido….