O ser humano tem atração pelo horror. Não há dúvidas. Se não fosse assim, eventos como “A Hora do Horror” no Hopi Hari e “Noites do Terror” no Playcenter não atrairiam por ano tantos milhões de pessoas, assim como filmes de terror com sequencias ininterruptas (veja o sucesso de “Jogos Mortais”, estreando esse ano sua 6ª sequencia – Estou na espera! rs).
E é bem simples comprovar esse estranho “gosto”. Você paga suados R$50,00 para entrar, leva pelo menos mais uns R$30,00 para sobreviver mais ou menos e com bastante lanche na mochila, fica horas e horas debaixo do sol (ou da chuva, e nesses dias você precisa levar mais R$10,00 para garantir sua capa de chuva e fazer a alegria do faturamento do parque – que, mesmo assim está em processo de transição com a falência decretada), enfrenta filas absurdas e finalmente encara uma das atrações do parque, que geralmente é um brinquedo de aventura com alto nível de adrenalina (como uma montanha russa de madeira que vira e mexe enrosca o carrinho lá no topo da subida e fica por lá seus 15 ou 20 minutos, ou os barulhos estranhos do motor dos brinquedos que parecem estar meio “cansados”). Não contente, você vai ao parque em dia de “Hora do Horror”, e depois de passar por toda a procissão acima, ainda encara mais algumas filas absurdas para entrar num túnel em que você vai levar um susto a cada esquina e provavelmente sairá molhado (e como a temporada do horror acontece entre agosto e outubro, você vai ficar molhado e com frio no final da noite), mesmo sabendo que é tudo de mentirnha…. E você ainda fica ansioso por ver os supostos monstros que andam livremente pela noite no parque (mas tem hora que você de fato confunde os montros personagens com os monstros frequentadores que aparecem por lá…)
Achou pouco? Não se preocupe, sempre pode ficar pior…. Você pode ser premiado no almoço com batatas ainda congeladas, lanche frio e variação cambial na compra do churros, que vai de R$2,00 em uma esquina para até R$4,50 na outra… Se for acompanhado de crianças a lista de coisas por piorar é incalculável quando você passar perto de uma loja de souvenirs ou partes de atrações pagas. Ah, isso mesmo! Além de pagar para entrar, algumas atrações tem que ser pagas a parte. E se você não dispuser de uma graninha a mais para comprar um passaporte conhecido como “fura-fila” nas atrações, vai ter que aguentar bastante gente furando fila na sua frente…
Aí, enquanto você espera numa das homéricas filas de atrações do horror, você olha inocentemente para o Carrossel e fica pasmo: vazio. Sim, V-A-Z-I-O. Tudo bem que os tempos mudaram, mas entre você ficar hoooras em filas de brinquedos que quase arrancam seu coação pela boca, porque não perder três minutos de uma volta no Carrossel?? As crianças de hoje não são mais como eram antes…. E as pequenas coisas, as mais importantes, estão aos poucos se perdendo….
Entretanto, como está no nosso sangue gostar de todo esse perrengue, caso você ainda queira enfrentar tantas filas e controversões, fica a dica: em dia de chuva (leia-se chuva, e não tempestade, hein!) os paques são mais proveitosos – público menor, filas bem menores e mais atrações disponíveis você consegue ir em quase duas vezes mais brinquedos que em dias de sol). Prepare sua capa de chuva e divirta-se!
Criatividade não falta. A cada ano os parques inovam seus temas, e a cada ano a tendência é o aumento do público. Superproduções são armadas e executadas com exímio cuidado, tudo para garantir o nosso maior susto e o lucro do investidor (o que, pelo que demonstra o atual momento, nem sempre funciona… Veja em Folha OnLine).
(Adolescentes em polvorosa por uma foto com o monstro. Seria essa a versão horror do Supla?!!!)
Foto: UOL.