Uma atração até pouco explorada pelos turistas quando comparada às outras tantas opções de Roma, os Termas di Caracalla preservam as ruínas de um conjunto de belezas arquitetônicas grandiosas e surpreendentes…
Mais um dia nesta ensolarada e QUENTE Roma e, como habitual, começamos a nossa rotina matinal à caça do café da manhã. Maaaaas hoje estamos mais espertinhos, hein… Ontem quando chegamos na Estação Termini ao fim do dia notamos um McDonalds com serviço de café da manhã.
Ok ok…. A gente sabe que é quase um pecado comer McDonald estando na Itália. Mas para o café da manhã nosso objetivo era sempre algo prático, rápido e econômico. E apesar da Ola Caffetteria atender quaaaase todos esses requisitos, acabou que não era tão econômico assim. Aí decidimos experimentar o velho e bom fast food no café da manhã par ver o que dava…
E olha… Eu não sou consumidora do Café da Manhã do Mc no Brasil, então não tenho parâmetros… Mas o croissant que provamos lá não perdeu nadinha para o da Ola. Quentinho, leve, macio e crocante, no capricho! E em todas as versões de sabor que você quisesse. Então no fim das contas a troca não acabou sendo ruim, fora que já estávamos dentro da estação pra só finalizar e pegar o trem.
E hoje o destino era diferentão: os Termas Di Caracalla!
Termas di Caracalla
Provavelmente você já ouviu falar muito de Roma nunca (ou raramente) dos Termas di Caracalla. Muita gente nem sabe dessa atração. Mas o motivo é compreensível: Roma tem tantas atrações que você poderia passar o ano todo visitando lugares diferentes. Aí por não estar exatamente no eixo central, os Termas acabam ficando “de lado” do roteiro turístico principal. Mas ele tá logo ali e é um local que vale super a pena a visita por vários motivos: é belíssimo e um complemento perfeito para entender o cotidiano da Roma antiga vista no Coliseu, Palatino e Foro Romano, tem sombra e se você for no período da manhã rola um alívio fresco do calor escaldante de Roma e ainda tira você da muvuca de lugares tomados por multidões de turistas (e nada mais delicioso do que turistar em experiências assim, sem multidão).
Eu tinha visto a referência em uma das minhas várias pesquisas pré-viagem (e olha que tivemos dois anos e meio pra pesquisar muuuuito hahahaha) e quando nosso guia particular estava fechando o roteiro, mandei pra ele junto com a lista de lugares que tínhamos interesse em visitar, se fosse possível. E como nosso guia era sensacional, ele não apenas incluiu como foi estratégico no dia e horário, e nos garantiu um tour fresco, leve e tranquilo depois de dias de muita caminhada sob o sol.
Mas vamos ao que interessa!
Localizado pertinho (uns 900 metros) do Circus Maximus (e do metrô de mesmo nome) e conhecido também como Termas Antoninas (em latim: Thermae Antoninianae), era o segundo maior complexo de banhos públicos (daí “termas”) de Roma, provavelmente construído entre 211/212 e 216/217, durante o reinado dos imperadores Sétimo Severo e Caracala. O local permaneceu em uso até a década de 530, quando foi abandonado e se arruinou, mas hoje compõe um dos complexos de ruínas mais bem preservados de Roma.
Já ao chegar não tem como não ficar impressionado com os paredões de mais de 44 metros de altura que tomam todo o espaço. Não é a toa que foi considerado, no século 5, uma das sete maravilhas de Roma e com espaço para receber 1500 pessoas. Pelas ruínas dá para ter uma noção dos salões de mais de 300 de largura.
Você pode pedir o tour simples ou até incrementar com um óculos simulador 3D, que “preenche” o espaço com simulações e como seriam à época do auge romano. Mas nós optamos pelo passeio básico e mergulhamos nas explicações das diversas placas espalhadas ao logo do complexo.
Numa explicação mais simplista, podemos dizer que era basicamente um spa público, com piscinas de águas quentes e frias, sauna, esportes e áreas de descanso (aliás, o SPA foi de fato uma invenção romana, as três letrinhas significam Sanitas Per Acquam – tipo Saúde pela Água).
A entrada da construção era por um dos quatro pórticos que fica na área norte do prédio. No centro da estrutura, as termas são divididas na ordem sequencial: “Calidarium” (banho quente), “Tepidarium” (banho morno), “Frigidarium” (banho frio) e “Natatio” (piscina de natação). No entorno, nas outras áreas eram encontradas dois ginásios, uma biblioteca e outras salas de usos diversos. E você consegue entender tudo isso nas explicações das placas, sem segredos, trazendo à mente a leitura de como a estrutura era antes de se deteriorar com o tempo.
As termas são um dos únicos exemplos de construção da idade antiga em que é possível recuperar parte da decoração interna: ou seja, parte dos mosaicos no chão podem ser reconstruídos e, logo na entrada, há indicações (vindas de manuscritos antigos) sobre as colunas e chão de mármore, mosaicos das paredes, pinturas, afrescos e estátuas. Além disso, é possível entender um pouco melhor o sistema de dutos d’água, que se alimentavam de um aqueduto principal, o Aqua Antoniana. Esculturas e fontes das Termas hoje encontram-se divididas pelos museus italianos.
Nas Olimpíadas de Roma, em 1960, o espaço das Termas foi utilizado para as competições de ginástica. Hoje o espaço é utilizado para apresentação de espetáculos de ópera. Inclusive no dia de nossa visita estava tudo preparado para algum espetáculo que deveria ocorrer naquele dia e que saímos até pesquisando, porque deu muuuuuuuuuuuuuita vontade de presenciar. Deve ser incrível assistir um show naquela paisagem e com aquela acústica. A pesquisa acabou fazendo até ouvirmos um trechinho de Il Volo, que a Dona Cristina é fã e meu irmão não tinha ideia do que se tratava 😂
Ao longo do complexo eles também aplicaram algumas obras de arte de um artista plástico que agora não me recordo no nome, mas basicamente uma composição de troncos e árvores secas e pedras alocadas em seu alto. E tinha mais coisas dele espalhadas por outros lugares de Roma também. Deve ser relevante… Mas pra nós era só uma montagem qualquer, rs….
Mas Termas di Caracalla foi um passeio leve e delicioso que eu adorei! Vale a pena incluir no seu roteiro quando for à Roma. E há bastante área arborizada e boa estrutura de sanitários.
De lá demos uma segunda passadinha pelo Circus Maximo (onde já tínhamos passado em uma das andanças por esses dias) e seguimos para o metrô com foco no próximo destino.
No metrô, como tinha placa do show desse tal de Arjona por toda Roma, eu depois tive que pesquisar quem era o fulano para não me sentir tão desinformada… É o Ricardo Arjona, um cantor guatemalteco e um dos mais bem-sucedidos artistas da música latina de todos os tempos, com mais 40 milhões de álbuns vendidos em todo o mundo.
Piazza di Spagna
É verdade, já passamos por ela nos dias anteriores. Maaas ela foi a região de destino para o nosso almoço.
Com uma infinidade de regiões, escolhemos um lugar à sombra porque o sol estava de matar, mas logo migramos para a área interna (e com ar condicionado!) do restaurante. Era uma pizzaria e osteria e foi onde comemos a segunda melhor pizza que provei em Roma (a primeira virá depois, nos próximos dias). Pedi uma típica Marguerita e foi a melhor escolha que eu poderia ter feito! Aquela pizza individual gigante do tamanho do prato, explodindo de sabor e cor, com uma coca estupidamente gelada e a vontade de repetir tudo de novo já na sequência, rs…
Terrazza del Pincio
Com uma belíssima vista panorâmica de Roma, este terraço é um jardim bastante arborizado e bonito. Só falha por não ter sombra justamente no terraço (ao menos quando fomos). eu li em algum lugar que estar ali é “não é só presentear-se com uma das vistas mais incríveis da capital. Significa alimentar a imaginação. Elaborar mentalmente um cenário povoado pelos personagens da cidade eterna”. E é meio que uma verdade mesmo. A vista constrói automaticamente memórias de como deve ter sido (ou pode ser!) viver naquela Roma tão cheia de história e significado, com tantas histórias emblemáticas e outras tão comuns que poderiam ser a nossa própria… Se você tiver tempo, deve ser delicioso ficar ali admirando o pôr do sol.
O mirante dá vista direta para a Piazza del Popolo (onde já estivemos) e com uma caminhada pelo parque é possível desembocar diretamente nos Jardins da Villa Borghese, que foi para onde seguimos.
Jardins da Villa Borghese
O Central Park ou o Jardim do Ibirapuera dos romanos. Essa é a explicação mais simples para os Jardins da Villa Borghese, um dos maiores parques urbanos da Europa. Seu apelo é que inclui estilos diferentes, desde seus jardins em estilo italiano até grandes áreas de edifícios em estilo inglês, esculturas, monumentos, fontes e lagos.
São 80 hectares e muitos espaços abertos ao público. Era uma propriedade particular até que, em 1901, o Estado adquiriu os jardins da família Borghese devido a uma má situação econômica pela qual estavam passando e foi aberto ao público em 12 de julho de 1903. Pode separar tranquilamente um dia inteiro para curtir o espaço que ainda falta tempo pra ver tudo.
Nós fomos mais dar uma espiadinha mesmo, porque o cansaço estava grande e era bastante chão para caminhar… Você tem a opção de locar uma bike, bike dupla ou até aqueles carrinhos de golfe para se locomover por lá se desejar. Sentamos em uma sombrinha tomar fôlego e enquanto isso vi um homem praticando corrida ir e vir na nossa frente pelo menos umas cinco vezes e fiquei cansada só de olhar 😂 (viagem é pra descansar, né, então aquela ideia maluca de levar tênis pra correr em volta do Coliseu morreu assim que pisamos em Roma rs – o tanto que andamos bateu as calorias de qualquer corrida!).
Villa Medici
Continuando nossa jornada, seguimos por uma subidinha para a Villa Medici, um palácio de Roma cujos jardins são contíguos com os grandes jardins da Villa Borghese Pinciana, na Colina do Píncio, próximo da Trinità dei Monti. Foi fundada por Fernando I, Grão-Duque da Toscana, tem alojado a Academia Francesa em Roma desde 1803.
Buuuuut ficamos só na porta mesmo pois estava fechado neste dia. Esse passeio terá que ficar pra próxima ida à Roma… Tudo que vimos foi o portão de entrada da muralha mesmo, rs…
De lá encaramos, finalmente, a descida! Uma escadaria e tanto pra voltar até a estação da Piazza Espanha e retornar à Termini tomar aquele gelato nosso de cada dia =)
Jantar
Resolvemos repetir hoje o jantar no Piccolo Spazio. Fomos recepcionados com toda simpatia pela nossa atendente da vez anterior e deliciosas bruschettas. Aí já achei que era justo matar mais alguns itens importantíssimos da minha lista de objetivos gastronômicos: Olive Ascolane e Filetto di Baccala.
Olive ascolane ou olive all’ascolana é uma receita italiana, típica da região de Marche, originalmente da cidade de Ascoli Piceno, e agora generalizado em todo o território italiano. Nada mais é do que azeitona recheada e empanada. Eu que AMO azeitona não poderia sair da Itália sem provar esse negócio. Pedi uma porção e gostei bastante!!!
O Filetto di Bacala é um pedaço de filé de bacalhau carnudo empanado como um tempurá um pouco mais sólido que a tempura japonesa. É um petisco que muito italianos compram pra comer na rua e bem famoso na região do Campo Di Fiori (recomendam o restaurante Er Filettaro para isso). Mas o do Spazzio tava sensacional!
A fúria de comer era tanta que não lembrei de tirar foto deles inteiros kkkkkk…
Segui a meta de continuar matando objetivos gastronômico e pedi o prato principal e sobremesa da minha lista: Pasta Cacio e Pepe, o famoso Macarrão com Queijo e Pimenta, e Panna Cotta, sobremesa típica da região italiana de Piemonte, elaborada a partir de nata de leite, açúcar, gelatina e especiarias. Foi na sobremesa que eu me dei mal…. Confesso que já tinha crescido o olho pra cima da escolha do meu irmão, que na descrição era basicamente “tarfufo”, mas eu tava firme na meta! E a Panna Cotta não tava ruim não, tava bem boa! Leve, refrescante… Mas SE-NHOR o que era aquela trufa divina que não era de jeito nenhum só uma trufinha não… Era uma boa de camadas de chocolate maravilhosaaaaa! Ele me deixou provar só um pedacinho e depois fiquei na vontade mesmo…
Pra encerrar, a cortesia gentil da chef: limoncello para todos! 🤌🏼
Com estômagos (e almas) satisfeitos, partiu cama que amanhã a jornada continua!❤️
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