Depois que saímos de Vegas, foram cinco dias inteiros só de estradas, montanhas e florestas, sem quase nada de cidade ou interação urbana. Então é hora de equilibrar a balança: bora pra San Francisco!
Não podemos negar que San Francisco era um dos destinos bastante esperados em nosso roteiro. Não foi à toa que, com exceção de Los Angeles, que foi nossa base geral, foi o local em que permanecemos mais tempo. E que acerto!
Pode-se dizer que San Francisco compensou o Great Salt Lake, kkkk…. Ufa.
Bom, nosso roteiro do dia foi estruturado em torno de um compromisso que já estava com ingresso de hora marcada: a visita à Alcatraz! Logo, nossa missão era:
- 07:30 – Café da manhã
- 08:30 – Lombard Street
- 09:30 – Cable Car Stop
- 10:00 – Centro Cívico e Prefeitura
- 10:20 – Painted Ladies
- 11:00 – Fishermans Wharf
- 11:40 – Pier 39 – Almoço
- 14:00 – Pier 33: Embarque para Alcatraz
- 15:15 – Alcatraz
- 18:30 – Pier 39: Bubba Gump
- 21:00 – Ghirardelli
- 22:00 – RV Park / Descanso
Te dou uma chance para identificar onde começa o erro…. rs
Sim, superestimamos o roteiro….
O problema é que quando montamos esse trajeto não imaginávamos que chegaríamos às 2h da manhã em Martinez, que fica a uma hora da Bay Bridge, ponte para entrar em San Francisco… E nem que pegaríamos um trânsito do cão ou que estacionar um motorhome em San Francisco é uma missão quase impossível! rs
Ou seja… metade do roteiro foi por água abaixo, hahaha…. A vantagem é que ainda tendo dois dias na cidade, era negociável adaptar….
Então bora conferir como foi o primeiro dia!
SAN FRANCISCO
Naturalmente quando qualquer pessoa pensa em San Francisco uma imagem vem à mente: Golden Gate!
Obvio que na nossa também, então a primeira pergunta que vinha à mente era será que o gps vai nos levar por ela ou pela Bay Bridge?
Depois de chegar quase 2h da manhã em Martinez, capotamos. E eu nem me atrevi a acordar meu irmão mal humorado pós dia de desfiladeiros com emoção em excesso… Esperei ele acordar naturalmente e saímos de Martinez por volta das 10h45.
E o Google Maps nos levou pela Bay Bridge. Que tinha um baaaita de um trânsito, mas que ensinou pra nós que pedágio pode funcionar de forma simples, intuitiva e eficiente… Quase um tapa na cara… Se usabilidade funciona no mundo digital, claro que funciona no trânsito também.. Mas brasileiro é um ser que não se aplica na compreensão comum, por isso aqui a coisa é tão insana….
Pegamos a fila do pagamento em dinheiro, juntamos moedinhas pra aproveitar nos desfazer daquele monte gigante e pesado e eu entramos na Bay Bridge, que pode até não ser a Golder Gate, mas também é linda!
De lá, seguimos para o posto mais próximo para abastecer e beliscar algo, que o estômago estava implorando… E comprei uma pizza de USD 3 dólares que parecia a mais deliciosa do mundo!
Só essa breve entrada da ponte ao posto já deixou bem claro que toda tranquilidade no trânsito que encontramos até este ponto, ali tinha acabado. Se mesmo Los Angeles e suas infinitas highways era agitadas, nada se comparava a San Francisco, que fica pau a pau com o trânsito de São Paulo. E até aí tudo bem, porque com o trânsito paulista eu me dou bem. O problema é que não com um motorhome, né!
Então lá fomos nós para mais uma dose de emoção.
Aproveitei a parada para buscar a referência de RV Park que eu tinha anotado. Não era longe, mais 20 minutos sem trânsito… Mas acho que levamos uma meia hora. Chegando lá, lotado…. Pesquisei o próximo mais perto e demos um rolê enorme porque errei a entrada (São Paulo, né… ). Nessa, quase entramos na Golden Gate sentido saída da cidade…. hahahaha… Mas escapei a tempo. E aí, só pra encurtar a novela mexicana, esse rolê nos tomou mais meia hora até conseguirmos uma vaga livre em local permitido para motorhome…
Esse, aliás, é um grande problema em San Francisco: não rola estacionar o grandão em qualquer lugar, não tem Wallmart e todos os RV Parks estão sempre lotados, além de não permitirem pernoite…. quando eu percebi isso, fiquei só pensando o que ia ser de nós quando a noite chegasse… Mas com uma tarde inteira pra aproveitar, adiei a preocupação….
A vaga que conseguimos era próxima aos entornos da Golden Gate. E apesar de não ser item do nosso roteiro no dia um, não dava para estar ali e não dar uma espiadinha, né….. Lá fomos, de blusa, porque San Francisco trouxe o frio e o vento gelado que o deserto tinha apagado da nossa memória. O clima era delicioso. E eu, de vestido, tive que dar um jeito de amarrar na perna para não protagonizar nudes públicos a todo instante, porque o vento não perdoa mesmo!
Demos uma caminhada de uns quinze minutos par matar a curiosidade e fazer umas fotos, mas Alcatraz começou a apitar no relógio…. Voltamos para o Motorhome e seguimos por mais vinte minutos rumo ao estacionamento do Palace of Fine Arts, que ficava mais próximo à baía e ao píer.
Mas claaaaaro que somos sortudos e nesse dia estava rolando um evento de gala no local (do mais fino possível). Logo, no parking, baby…
Aliás, pausa para elogiar o Palace of Fine Arts… Que arquitetura e local mais lindos! Meu irmão adorou conhecer pessoalmente uma atração que sempre marca presença nos games que se passam na Califórnia… Eu, ao volante, mal consegui ver, mas teríamos os outros dias, né…
E lá fomos nós caçar vagas no estacionamento da praia. Muuuuito tempo depois encontramos um cantinho. Deixamos lá e fomos para a avenida pedir um uber. E de lá seguimos para o Pier 39….
No caminho, o espírito mágico de San Francisco se apresentou: uma cidade linda que encanta pela arquitetura, música, artes, gastronomia, parques, passeios e estilo de vida. O destino consegue misturar a pegada urbana com o clima litorâneo e arquitetura clássica na medida certa, criando um encantamento que tornam San Francisco única e apaixonante. Colocamos na lista de lugares para voltar um dia e ficar por, pelo menos, uma semana…
Apesar de não estarmos na alta temporada – o verão local – e algumas atrações estarem em baixa, setembro é uma ótima época para visitar San Francisco… temperatura ideal para andar pelas ruas sem sofrer com frio ou calor demais, pouca chuva e movimento moderado. Mas é uma cidade turística, então mesmo o moderado é sempre cheio, né….
Pier 39
Pedimos para o uber nos deixar no Pier 33, onde deveríamos embarcar para Alcatraz. Mas como ainda tínhamos um tempinho, fomos caminhando até o Pier 39 para almoçar.
O Pier 39 é, basicamente, o fervo turístico de San Francisco. Aberto em 1978, o Pier 39 é um centro comercial e turístico popular construído em um cais em San Francisco. Um complexo em que há lojas, restaurantes, performances de artistas de rua, um aquário, pontos de vista de leões marinhos, entre outras atrações.
Almoçamos no T’s Fish & Chips. Eu comi um bolinho com carne de caranguejo e batatas. Meu irmão pediu um lanche que tinha… pimenta! Hahahaha… O coitado deu azar em absolutamente TODO e QUALQUER pedido que fez a viagem toda! Rs….
Demos mais uma voltinha rápida e retornamos para o Pier 33 pra não perder o embarque. Nós já tínhamos feito a reserva e compra do ingresso pela internet antes da viagem, pois era uma das atrações mais concorridas.
Então antes de falar de Alcatraz, vou explicar um pouco sobre os ingressos que utilizamos em San Francisco….
Go Card – San Francisco
Tanto em San Francisco quanto em Los Angeles, uma opção interessante para economizar em ingressos é investir no Go Card. Eu primeiro pensei que era aquelas enrolações pra gente pagar mais caro achando que pagou mais barato. Mas coloquei na ponta do lápis e vale a pena!
O Go Card basicamente disponibiliza a você combos com números determinados de atrações que você pode utilizar durante alguns dias no local. E depois você escolhe como quer utilizar seu passe. O Go Card individual com três atrações custou USD 72. E eu tivesse comprado separadamente as atrações que escolhemos, teria investido USD 105. Então o Go Card fez muito sentido, certo?
Alcatraz, no entanto, não entra na lista de atrações possíveis com o Go Card. Provavelmente pelo próprio controle de agendamentos e número limitado de pessoas. Então compramos separadamente apenas este ticket.
Você tem algumas opções de tours diferenciados para a visita, inclusive uma versão noturna! Mas escolhemos a visita comum vespertina mesmo. O valor do ingresso foi USD 39,90. E a compra no site bem tranquila e sem segredos.
Alcatraz
Finalmente embarcamos. A balsa saiu de Alcatraz e ficamos tão enfeitiçados com a vista que esqueci totalmente de observar quanto tempo levamos… Conforme você se aproxima da prisão mais famosa da América, San Francisco começa a se revelar no outro lado do horizonte, em um belíssimo landscape que rende uma vista magnífica.
À nossa frente, a ilha que hoje abriga um dos pontos turísticos que mais atrai curiosos já foi, no passado, o local mais temido da cidade, abrigo de segurança máxima para os piores criminosos do país. E também palco de uma das fugas mais célebres da história, que até hoje permanece sem solução e envolta em mistérios.
E a névoa que sobrevoa Alcatraz ao longo de todo o tempo parece vigiar constantemente todos os segredos obscuros que testemunhou ali ao longo dos anos…
Estar em Alcatraz é fazer uma imersão completa na história. Com um tour que permite uma permanência de até três horas no local (e, ironicamente, o tempo passa rápido quando não se é um prisioneiro e há tanto a desbravar), os visitantes podem pegar fones de ouvido com áudios guia para cada parada no mapa do local. E junto com a voz do narrador, você mergulha na trajetória das paredes, oficiais, índios e detentos que habitaram a ilha ao longo dos anos.
Alcatraz foi uma ilha solitária por milhares de anos, ocasionalmente visitada por índios Ohlone e Miwok. Entre a época em que os espanhóis se estabeleceram na área da baía em 1776 e os Yankees a tomaram dos mexicanos em 1846, a ilha foi marcada nos mapas, mas não foi utilizada de outra maneira.
O último governador mexicano da Califórnia planejou erguer um farol em Alcatraz, mas antes que ele pudesse ser construído, a Califórnia foi anexada pelos Estados Unidos. Foi em última instância a Corrida do Ouro que provocou a construção do farol, começando em 1853.
Antes de Alcatraz ser uma prisão federal de 1933 a 1963, ela foi usada como forte, farol e prisão militar (1868). E, em 1969, “A Rocha” foi ocupada, durante mais de 19 meses, por um grupo de Nativos Americanos que faziam parte da rede de ativismo nativo que agia no país durante os anos 1970.
Em 1972, Alcatraz tornou-se uma área de lazer nacional e recebeu a designação de Marco Histórico Nacional, em 1986. Hoje, ela é um dos parques nacionais na Golden Gate .
Uma das prisões mais notórias e conhecidas do mundo, ao longo dos anos, Alcatraz alojou cerca de 1.545 dos criminosos mais cruéis da América, incluindo Al Capone, Robert Franklin Stroud (o “Birdman de Alcatraz”), George “Machine Gun” Kelly, Bumpy Johnson, Rafael Cancel Miranda, Mickey Cohen, Arthur R. “Doc” Barker, James “Whitey” Bulger, e Alvin “Creepy” Karpis (que ficou mais tempo em Alcatraz do que qualquer outro preso).
Em 1962, Frank Morris e os irmãos John e Clarence Anglin tentaram fugir a nado da ilha, usando capas de chuva como coletes salva-vidas, mas nunca mais foram vistos… presume-se que se afogaram, mas permanecem até hoje na lista de procurados desaparecidos…
“Você tem direito a comida, roupas, abrigo e assistência médica. Qualquer coisa que conseguir além disso é um privilégio. “ – Número 5, Regras e Regulamentos da Prisão de Alcatraz, 1934.
Você verá essa frase em toda a sua visita. E também nos souvenirs das lojas locais. 1,3 milhões de pessoas visitam Alcatraz todos os anos…
Contar o tour completo rende quase um livro. Mas é incrível acompanhar a trajetória de Alcatraz de perto. Em um dos momentos você tem a oportunidade de vislumbrar, da ilha, o contorno panorâmico de San Francisco… Da rocha via-se aquilo que muitos prisioneiros jamais poderiam ter outra vez…
Quando finalizamos o tour, esperamos pela próxima balsa de volta ao píer… E enquanto isso, gaivotas cruzavam a neblina que ficava ainda mais densa e mística com o cair da noite…
Pier 39
De volta ao Pier 39 e ainda absorvendo tudo que tínhamos visto em Alcatraz, fomos dar um oi para os leões marinhos que habitam o Fishermans Warfh… Já era tarde e acho que já estavam sossegando para dormir… Mas no dia seguinte presenciamos até briga… hahaha.. Acompanhe nos próximos posts!
Passeamos, agora com mais calma, pelas inúmeras lojas de souvenirs e aproveitamos para garantir os presentes da família. Depois, mortos de fome e cansados de comida congelada em dias de montanhas, nos demos direito à um belo jantar no Bubba Gump.
O restaurante famoso criado a partir do filme Forrest Gump te coloca no clima dos amigos Forrest e Bubba e replica sua característica cultural em qualquer unidade espalhada pelos Estados Unidos… Eu costumo dizer que há quatro atrações gastronômicas que eu faço questão de marcar presença quando viajo e elas estão por perto: Olive Garden, Hard Rock Café, I-hop e o Bubba Gump.
Claro que tinha uma fila básica de espera e nós aproveitamos passear mais um pouco enquanto isso, além de curtir a vista noturna do cais…
Depois mandamos ver no rango e seguimos em direção ao Ghirardelli, fábrica de chocolate famosa em San Francisco e ponto de parada obrigatório. Só queeee nós chegamos lá depois das 21h. E diferentemente do Brasil, nos EUA em geral as coisas fecham bem mais cedo. Mas vamos voltar nos próximos dias…
Não deu pra comer nenhuma gordice, então só demos uma volta no jardim encantado do local e depois tratamos de seguir para o motorhome antes que guinchassem o grandalhão por conta do horário… Como o caminho de volta desde o Pier 33 já era em direção ao estacionamento, nem precisamos de uber.
E aí veio a parte difícil… Onde dormir?
Rodamos por quase 40 minutos em San Francisco procurando um lugar amigável nas redondezas… Até existiam vários estacionamentos, mas nenhum que permitisse pernoite. E nas duas, mesmo com parquímetro, em geral havia restrições para veículos grandes… E não tem Wallmart em San Francisco. Quase cogitei voltar para Martinez! As aí encontrei um tal de Safeway, que é uma espécie de Wallmart local….
Chegando lá, encontramos mais alguns motorhomes e trailers no estacionamento, que era bem pequeno… E como tínhamos companhia, mesmo receosos optamos por ficar.
Dormimos logo pra recuperar do cansaço de ontem ainda e o estresse do trânsito na cidade grande. O dia seguinte seria longo e com direito à passeio de bike pela Golden Gate =D
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